terça-feira, 27 de maio de 2008

Congelando nos Alpes

Congelando nos Alpes

Depois de Genebra, queríamos conhecer os Alpes Suíços. E pra isso não nos contentamos com nada menos que o Mont Blanc, o maior pico da Europa. Fica na divisa entre Suíça, Itália e França, e a cidade mais perto é Chamonix. Chamonix é uma ponta francesa enfiada na Suíça. Literalmente. O trem pra lá parte da Suíça, passa por uns vilarejos na França e termina em outra cidade Suíça. Ou seja, é praticamente uma invasão francesa no território suíço. Portanto conheceríamos os Alpes suíços fora da Suíça.

O trem sai de Genebra numa estação secundária, menos utilizada. Quando chegamos lá, a surpresa. Será que era lá mesmo? Era uma estação fantasma, completamente quebrada. Parecia abandonada. E só pra completar, nem uma viva alma pra pedirmos informações. Na dúvida, e sem ter muita alternativa anyway, decidimos esperar... 

Era lá mesmo. Com a pontualidade dos relógios suíços o trem chegou e saiu, exatamente no horário. Ufa...

O problema é que tínhamos comprado a passagem mais barata, e tínhamos que trocar de trem em cidades pequenas. Normalmente, sem problema. Só que dessa vez, não tinha ninguém que falasse inglês decentemente. Como nosso francês também se limita a um reles "Bon Jour", o resultado foi um trem de Babel. Na troca de trens, chegamos a descer na estação errada, mas o motorista (sacanagem seria chamar de maquinista) viu nossa confusão óbvia e veio ajudar.

Fora esses pequenos percalços, a viagem foi fantástica. A cada momento os Alpes mais próximos, dando pra ver mais neve. Sessão fotos, pra delírio (ou descaso) dos nativos que pegavam o trem todo dia...

Chegando na cidade, direto para o hotel... Hotel??? Pois é, não achamos albergue. A cidade é pequena demais, turística demais. Só que só pra turistas chiques. Mas não faz mal. Dormir num hotelzinho confortável, sem a preocupação de trancar todos os pertences toda noite é bem bom. A velha história de dormir com o bode, dormir sem o bode...

A cidade é meio chiquezinha, faz as vezes de veraneio (inverneio???) para suíços e franceses, que vão pra lá esquiar e curtir o clima das montanhas. Nas palavras da Claudinha: "A cidade é mega fofis, tudo florido, bem arrumadinho. Pra qualquer lugar que olhávamos, lá estavam os Alpes ao fundo..."

Sendo o grande programa da região obviamente os Alpes, sem delongas embarcamos em um bondinho até o topo. Caaaaro que até dói, 38 euros por cabeça. Pelo menos subia bem, primeiro pra uma estação intermediária antes da subida final. No final, chegamos a quase 4.000 metros, partindo de +- 1.000. Valeu.

Parecia que estávamos dentro de um quadro. Apesar de já não ser inverno ainda tinha bastante neve. E lógico que rolou uma guerrinha de neve... Bronco vs bronca... He, he, he....
Quem será que ganhou?

Ficamos bastante tempo admirando aquela paisagem de quebra-cabeças de 3.000 peças. Mesmo que fosse feio, íamos olhar por muito tempo... Depois da facada, tínhamos que amortizar os 38 euros... Coleção de escorpião no bolso!!!!

Lá no alto, o público delirou! Tivemos até que posar de modelos. Finalmente o talento foi reconhecido!!! É isso mesmo, um grupo de chineses pediu pra gente se beijar para tirarem uma foto. Acho que acharam romântico, mas não têm o costume de se beijar em público.

Tava beeeeem frio!!! E a Claudinha noção-zero de papete!!!! Se bem que frio no pé é coisa de mocinha mesmo. He he he. De qualquer forma, nunca um chocolate quente caiu tão bem... Assustados com o frio, aproveitando a promoção de troca de estação e já se preparando pro frio da Inglaterra (próximo destino), a Claudinha comprou um casacão e um casaquinho (só 30 euros os dois juntos).

À noite compramos queijos diversos e um vinho para comermos no quarto. Afinal, precisavamos aproveitar o hotel e as comidas típicas dos Alpes! Valeu o passeio. Foi uma bênção!!!!!!

sábado, 17 de maio de 2008

Suíça

Suíça

Proxima parada: Suíça. Como várias pessoas comentaram que a paisagem até a Suíça era muito bonita, decidimos ir de trem durante o dia (o plano original era avião ou trem norturno).

De Veneza a Milão, de Milão à Genebra. De quebra passamos ao lado do lago Maggiore, no norte da Itália. Região bonita. À medida em que iamos chegando perto da Suíça, a paisagem ia se transformando, e começamos a ver os primeiros sinais dos Alpes. Até engraçado: qualquer sinalzinho de neve, já corriamos de um lado ao outro do trem pra tirar umas fotos. Os locais, acostumados à paisagem, devem ter achado meio bizarro aquela empolgação toda. Mas afinal, tamos aqui pra isso...

Genebra é beeeem diferente das cidades italianas. Tudo é bem mais amplo, as ruas são bem limpas, os carros são mais bacanas. Sede de diversos órgãos internacionais (ONU, Cruz Vermelha, etc), acho que deve ser a cidade mais internacional do mundo. Mais da metade da população é estrangeira.

Diferente também o público do albergue. Ao invés de apenas turistas, muitos estavam na cidade a trabalho e viam o albergue como uma opção de estadia barata.

À beira do lago Geneve, sinceramente, a cidade é bonita, mas não tem muita coisa pra fazer. Imperdìvel é a visita à ONU. De hora em hora pode-se fazer uma visita guiada, com explicações sobre a estrutura e o funcionamento da organização. Vale a pena. É interessante ver como tudo funciona.

O principal ponto turístico é o Jet d'Eau, um jato de água no lago... Um jato de água?! Pois é, só que esse jorra água a 200km/h, atingindo (segundo eles) 140 m de altura, o equivalente a um prédio de 45 andares. Pode reparar, em todas os postais da cidade o jato está lá. Imenso.

Em seguida, fomos procurar o Relógio das Flores. O guia fala que é um relógio gigante, no meio de uma praça, formado por 6.500 espécies de flores. Claro que tinhamos que ver. Só que chegando na tal praça, nada de acharmos o relógio. Andamos pra lá, pra cá. Também de nada adiantou perguntar pros vários nativos, que sempre nos apontavam o lugar de onde tínhamos vindo. Parecíamos duas baratas tontas, andando de um lado ao outro. No final, descobrimos: a cidade está em polvorosa por causa da EuroCopa que será em junho na Austria/Suíça. O relógio de flores está sendo substituído. Tiraram todas as flores, e estão replantaram algumas para formar o desenho de uma bola de futebol... Passamos várias vezes pela tal bola, e nem nos tocamos que poderia ser o relógio... No tal clima da copa, até colocaram um balão gigante em forma de bola de futebol ao lado do Jet d'Eau... Imagina se fosse a copa do mundo.

No albergue, conhecemos um casal de alemães malucos. Têm perto de 50 anos, e estão indo da Suíça à Espanha por 3 semanas... Nada demais, se eles não fossem ... a pé!!!!! Caminham 25 km por dia, durante 7 horas... Sem lenço sem documento, eu voooooou... Agora a Claudinha não tem nem mais coragem de reclamar das nossas míseras maratonas turísticas do dia inteiro...

Suíça é a terra de várias coisas: canivetes, chocolate, queijo, bancos, relógios... Só que nosso parco orçamento só deu pra experimentar o chocolate. Mas valeu a pena, é realmente bom... As outras coisas estamos guardando pra futuras viagens.

Veneza

Veneza

De pé em outra madrugada pra pegar o trem pra Veneza. Quem me visse, nem ia reconhecer. Chegamos lá por volta das 10:30 depois de fazer escala em Bologna.

E dai vocês perguntam: mas Veneza não é uma ilha? Não é isolada do mundo? Balela. Existe uma ponte ferroviária pra lá, que torna tudo mais fácil.

Mais fácil mais ou menos, mais barato definitivamente não. Veneza até agora é de longe a cidade mais cara da Itália, um dos países mais caros da Europa (pelo menos pra turismo)

Cara, mas vale a pena conhecer. A cidade é minúscula, do tamanho do Central Park de Nova York (5x2 km). Fica na incrível altitude de 80cm do nível do mar, e ao contrário do que todo mundo acha, não está mais afundando. Desse tamaninho, é incrível como cabem 400 pontes sobre os 170 canais da cidade. O resultado é um emaranhado de caminhos, becos e vielas, onde é impossível não se perder.

A primeira vista, a cidade não impressiona (só pro Gustavo, eu achei ela linda, romantica, mega fófis desde o inicio). Sempre imaginei Veneza tranquila, limpinha. Com as gondôlas passeando placidamente, e os gondoleiros cantando "Dá-me um Coooorneeeettto!!! Lá lá lá lá laaaaaaaaaaaa". Mas não é bem assim. Os minúsculos corredores são apertados, e com construções mega-velhas dos dois lados, não muito conservadas. Parece um cortiço mega-antigo. A cidade ainda é lotada de turistas e barcos passeando por todos os lados. Congestionamento de gôndola é até engraçado...

Mas depois, quando conhecemos um pouquinho mais da cidade, a impressão se reverte totalmente. Os bequinhos são cheios de cafés, lojas de máscaras venezianas, vidros artesanais... A Claudinha diria que ela é charmosa... Se perder nas ruelas acaba sendo bem bacana.

Sua história também é interessante. Depois de constantes saques dos Godos por volta de 400 dC (Saraiva, dessa vez foram só os Godos, sem os Vizigodos), a população da região teve que se refugiar nas ilhas do lago (é, eu também achava que Veneza ficava no mar. Na verdade é um grande lago, estilo aquele de Porto Alegre, conectado ao mar por um trecho). Dai, cercados de água por todos os lados, tiveram que se virar. O resultado é que construíram um império marítimo imbatível para a época, e por muitos séculos.

Mas os caras eram os maiores traíras da história. Primeiro, roubaram o corpo de São Marcos, que consideravam seu protetor, de Alexandria. A lenda conta que trouxeram o corpo em barris de gordura de porco. Tem que ser muito Santo mesmo pra se sujeitar... Depois, na época das Cruzadas, emprestaram seus navios pra atacar Jerusalem. Depois de enchê-los com soldados dos outros países, fizeram uma pequena paradinha pra saquear Constantinopla, que era sua aliada de muito tempo. Quero morrer amigo desses caras.

O principal ponto turístico é a Piazza de São Marcos, onde homens e pombos disputam cada centímetro. Uma das grandes diversões é ficar parado e deixar os pombos se empoleirarem nos braços, ombros, cabeça. Menos pra Claudinha, que acha que os pombos são os ratos do ar. Talvez por terem percebido isso, eles viviam dando uns rasantes pra assustá-la.

Como não há carros (claro), todo o transporte é feito pelos vaporettos, que são barcos-onibus, com linha e paradas definidas. São também mega-caros: cada entrada são 6,50 euros a menos na carteira.

No final do primeiro dia, fomos à ferroviária para já comprar os bilhetes para Genebra, nosso próximo destino. Naquele estilo elegante já conhecido de todos, sentamos no chão no meio da estação, deixando a bagagem ao lado. Causando aquele furor característico, mochilão de um lado, mochilinha de outro. Vendo aquela farofada, dois guardas vieram pedir os passaportes. Claro que gelamos, ainda mais quando eles começaram a falar nossos nomes e números do passaporte nos rádios... Será que temos cara de marginal ou é só de farofeiro mesmo? No fim, viram que somos pessoas de bem e nos liberaram sem maiores contratempos...

Ah, pra terminar não poderiamos deixar de falar que o por do sol de Veneza é lindo, parece aqueles de quadro....

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Florença + Pisa

Florença + Pisa

Madrugamos pra sair de Roma, e pegamos o trem das 6:00 am. Chegamos em Florença por volta das 10:00am. Depois de deixar as malas no albergue (Dany's House), corremos pra conhecer a cidade.

Florença é bem mais tranquila que Roma. Para os toscos (será que eu digo?), é a capital da Toscana. Foi o berço do Renascimento, e considerada o centro do mundo no século 15.

Iniciamos o tour pela Cattedrale di Santa Maria del Fiori, mais conhecida como Duomo. Ela domina a cidade, sendo de longe a maior construção da região. A primeira vista é impressionante. Passeando tranquilamente no meio de ruazinhas com prédios baixinhos, de repente se abre uma praça bem ao pé da imensa Catedral, que ainda tem uma torre pra lá de alta. O que chama mais a atencao é que todo o exterior é colorido, com mármore branco, verde e rosa (não, não é a mangueira). Típico passeio lá dentro e subida para a cúpula - 99 metros e milhares de degraus. Mas a vista compensa.

Em seguida, após tomarmos aquele gelatto - sorvetinho básico de todo dia (aliás os sorvetes da Italia são uma benção!!!!!!!!!!!!) - passamos pela famosa ponte das joias e fomos ver o pôr do sol na Piazza Michelangelo. Como bons farofeiros, aproveitamos pra fazer uma mega farofada com direito a pão, salada e frutas secas bem na escadaria... Pode-se dizer que causamos furor!!!!!!!!!

O pôr do sol foi simplesmente espetacular, na verdade na companhia da Claudinha tudo se torna um grande espetaculo!!!!!!!!!! (Adivinhem quem escreveu esse trecho)

No dia seguinte fomos à Pisa ver a famosa torre. Ela é realmente BEM torta, dá até aflição!!!!! Depois de tirar aquelas fotos bem criativas e originais empurrando/segurando a torre, voltamos pra Florença. Foi pá-pum.

De volta, mais um museuzinho básico e para finalizar um jantar típico: pão, vinho, espaguete e sorvete!!!! Confesso que neste momento abandonamos um pouco a vida de mochiileiros, mas ninguém é de ferro....

Dormimos, e quando amanheceu, descobrimos que as havaianas da Claudinha tinham sido roubadas. E isso que eram das mais simplezinhas, que ela tinha ganhado de brinde. Bom pra relembrar que temos que ficar espertos. Até em país desenvolvido essas coisas acontecem...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Roma nos finalmentes

O último dia de Roma foi sossegado. Dada a fúria dos dias anteriores, já tinhamos coberto quase tudo o que queriamos ver.

Acordamos tarde (9:30) e de novo detonamos o café-da-manhã antes de sairmos.

A caminho da Boca da Verdade, paramos no Museu Capitolino pra ver a loba com os bebês-gêmeos, símbolo de Roma. Depois, a dita Boca de la Verita. É uma escultura de uma face circular (estilo Smiley) presa na parede. O costume é colocar a mão direita na boca da estátua. Se a pessoa for mentirosa, a boca se fecha, decepando a mão.

A caminho da próxima atração, paramos pra fazer um lanche rápido: ovo cozido guardado do café-da-manhã, sem sal e descascado no meio-fio (ou na guia, como dizem os paulistas).

Depois, fomos visitar o muro que circunda a cidade, e que era usado como proteção contra invasões. No portão de São Paulo, há uma pirâmide. Meio nada a ver, mas tá lá.

Tinhamos ido a pé, pensando em voltar de metro pra cruzar a cidade. Mas chegando lá, o que acontece? Greve do metro. Pois é, europeu também faz greve. Tivemos que esperar até as 2:00 pra tudo se regularizar.

Piazza do Poppolo e di Spagna completaram o circuito Roma. Só não deu tempo de ver as catacumbas. Mas não faz mal. Primeira cidade vencida!

Antes de dormir, a confraternização no albergue. Pra fechar com chave de ouro, aulinha de samba e forró pros gringos...

Vaticano

Vaticano

Ontem caminhando o dia todo no sol, torramos. É, eu sei... É vergonhoso brasileiros torrarem no sol da Europa. Afinal, nós somos o país do sol, e eles do frio. A Claudinha com a mala cheia de casacos, cachecol, gorro, luvas... No outro extremo, eu só trouxe um casaco simples. Homem que é homem dorme pelado no frio e acorda suando. De qualquer forma, protetor solar virou prioridade.

O café da manhã do albergue é um "coma à vontade" por 2 Euros... He he he (risada maquiavélica). Ingênuos, acho que eles não esperavam dois turistas do 3o mundo esfomeados... Comemos tudo o que tínhamos direito e mais um pouco. E ainda guardamos uns bolinhos e sandubas pra mais tarde. Os 2 euros saíram baratos.

Dia de Vaticano! Os museus abriam 8:45, mas já estávamos na fila às 8:30, devidamente solar-protegidos.

Os museus do Vaticano são impressionantes. Há obras de diversos tipos: galeria dos mapas, dos tapetes, das carruagens, etc. Claro que com nosso senso artístico pra lá de refinado, demos aquela olhadinha básica e passamos direto, indo pro que realmente importava: Stanze di Raffaello e Capela Sistina.

A tal da Stanze di Rafaello são os aposentos privativos do Papa Julio II. O detalhe que os torna tão famosos é que as paredes são repletas de pinturas de Rafael, um dos maiores mestres do Renascimento.

Ainda mais impressionante é a Capela Sistina. Foi contruída em 1473 pra ser a capela privada do papa Sixtus IV. É na verdade uma imensa (e bota imensa nisso) sala recoberta de obras de Michelangelo. Destaques são uma parede com a obra "Julgamento Final" - que retrata a briga entre céu e inferno pelas almas dos mortais - e "Criação", pintada no teto e que é a cena do dedo. Nessa sala trabalham os guardas que têm o pior trabalho do mundo: ficam absolutamente o dia inteiro de pé gritando "Silence Please!!!"
 
Mas na verdade mesmo o que mais chamou a atenção dos visitantes não foram as obras expostas... Foi a crise de soluço da Claudinha. Sabe aquele soluço alto, que faz até eco? Pois é. Imagine um atrás do outro. Os visitantes deixaram de lado as pinturas e passaram a admirar a sinfonia...

Depois foi a vez de visitar a Basilica de São Pedro - que na verdade foi construída para marcar o túmulo dele. Impressiona, por dentro e por fora. Lá existe o maior monumento de bronze do mundo, com 90t. Quando estavam construindo, acabou o bronze, e ainda faltava um bom bocado pra terminar o monumento. No desespero, o papa da época não teve dúvidas e tirou o que faltava da frente do Panteao!!! Imagine! Desmanchar um edifício de (na época) 1500 anos só pra conseguir o metal!!! Loucos furiosos. Mais uma vez a Claudinha deu um show à parte: foi tirar uma foto minha, se empolgou e deitou no chão pra pegar o melhor ângulo. É lógico que o guarda quase teve um treco quando viu a cena inacreditável no templo sagrado... E o pior é que a foto nem saiu...

Pra completar o passeio, a subida à cúpula. Europeu é esperto mesmo! Subimos 551 degraus, e ainda tivemos que pagar!

Na frente da Basílica, a Piazza de San Pietro. Essa é aquela que sempre aparece na TV quando o Papa vai falar. Uma boa descrição é majestosa. No centro, um obelisco egípcio de uns 3000 anos trazido por Caligula. De novo, como fizeram com o Panteao, tinham que cristianizar o monumento. Fizeram isso através de uma cruz no topo, e a bênção especial da base. Dai, só pra garantir, afixaram também um pedaço da cruz verdadeira. Monumento pronto, praça protegida espiritualmente.

O resto do dia foi gasto perambulando pela cidade. Piazza Navona, repeteco da Fontana di Trevi...

Recebi uma excelente notícia, totalmente inesperada. Como tinha alguns dias de férias acumuladas, não estou engrossando a massa dos desempregados. Até o início de junho, estou de férias, o que significa que este mês ainda recebo salário. Depois disso, viro estatística.

domingo, 11 de maio de 2008

Roma, caput mundi

Roma, caput mundi

Roma, capital do mundo. Assim era conhecida a Roma de antigamente. Foi fundada por volta de 700 a.C. A lenda conta de dois bebês gêmeos, Romulo e Remo, criados por uma loba. Quando cresceram, decidiram fundar uma cidade e cada qual escolheu um monte pra começá-la. Brigaram nessa disputa, e Romulo matou Remo. Como vencedor, sua cidade floresceu e foi chamada de Roma.

Hoje em dia a cidade também é conhecida por Roma, a cidade eterna. E não é pra menos... Roma é daquele tipo que surpreende a cada quarteirão. Andando como quem não quer nada, de repente vira-se a esquina e se dá de cara algo de 2.000 anos atrás, tipo o Coliseu. Ou então com um momumento extremamente rico e trabalhado, a Fontana di Trevi, só de exemplo.

Demos a sorte do nosso primeiro dia "de verdade" em Roma ser uma quarta-feira (o dia anterior estávamos zumbis por não ter dormido). Todas as quartas-feiras o Papa realiza uma missa pública, normalmente na Piazza de San Pietro. Não podiamos desperdiçar a oportunidade, e fomos.

O Papa é pop. Para ficar pertinho de sua Santidade, é preciso reservar lugar no dia anterior, pessoalmente ou por fax. Não tinhamos reservado (claro!), mas mesmo assim pudemos entrar. Só tivemos que nos contentar em vê-lo de um pouquinho mais longe. E teve de tudo... Entrada de Papa-móvel, desfile entre o Povo, atraso pra começar... Não ficamos pra ver tudo, mas valeu mesmo assim.

Saimos perambulando por Roma. Primeira parada, Piazza Navona, super famosa, e onde reúnem-se diversos artistas italianos, pintando, vendendo obras, tocando. No meio, também uns enganadores, com mais papo do que arte. No geral, bacana. A embaixada brasileira, que fica aqui, se deu bem.

Depois, Panteao - dos antigos, o edifício melhor conservado. Foi criado por volta de 30 a.C (isso mesmo, a.C), e está lá até hoje. É basicamente uma cúpula imensa, de concreto, com um furo no meio, por onde entra o sol. Falando assim, parece pouco, mas impressiona. É gigante, super alto, sem nehuma pilastra de suporte (só as paredes). Os engenheiros da época (como deve ser bacana ser engenheiro!) foram brilhantes ao bolar uma estrutura que vai ficando mais leve à medida em que fica mais alta. Se não fosse assim, o peso do concreto no teto poria tudo abaixo. Originalmente, servia para adorar os diversos deuses cultuados pelos Romanos de antigamente (o principal era Jupiter). Na época d.C (até estranho falar isso), com a ascenção da Igreja, transformaram num templo Cristão. Sinceramente, ficou meio estranho. Imagens de Santos, Crucifixos, junto de pilastras estilo grego.

Próxima parada: Monumento a Vittorio Emanuele. Esse foi "o cara" da Itália. Foi ele quem conseguiu reunificar a Itália na forma como ela é hoje, depois da época medieval em que existiam apenas várias cidades-estado independentes. A descrição correta do monumento é "grandioso". Quando falamos em monumento, o que vem à cabeça é uma estátua qualquer. Aqui não. É uma praça inteira, com vários andares. Claro que o dito cujo tem o devido destaque, em uma estátua gigante, montado a cavalo (que é como os grandes heróis são sempre representados por aqui). Na base, várias esculturas de mulheres representando as várias cidades-estado, de acordo com as vestimentas. Por exemplo a poderosa Milão é uma guerreira com um touro desenhado no escudo. Animal.

Depois, visitamos as ruínas do Coliseu. Na política antiga de "pão e circo para o povo", o Coliseu representa o circo. Comportava 50.000 pessoas, e era onde os espetáculos públicos aconteciam. Lutas de gladiadores, homens contra animais, martírio dos cristãos. Muito sangue derramado. Hoje em dia se vê as paredes em ruínas. Interessante imaginar como era antigamente, em todo o seu esplendor. Em italiano, o nome é Colosseo, devido à estátua de proporções colossais à entrada, porém que infelizmente se perdeu no tempo.

Já era final de tarde, e as pernas já estavam a reclamar do martírio de passar o dia inteiro em pé.

Mas claro que o sangue nos olhos prevaleceu. Apertado, encaixamos uma visita ao Palatino, o morro onde a cidade começou. Em resumo, ruinas no meio de destroços. É até engraçado quando se vê placas apontando a Casa di Augusto, e só o que tem lá é um monte de entulho. Tudo bem, entulho de 2.000 anos, mas ainda assim entulho...

Na volta pra casa nos perdemos novamente. Tudo bem todos os caminhos levarem a Roma, mas precisava serem tão embaralhados? No jantar, em Roma fizemos como os romanos, e detonamos aquela pizza. Faminta, a Claudinha, livre de preconceitos e de costumes da civilização, abandonou o uso de talheres e guardanapos... Devorou seu pedaço de pizza e ainda limpou a mão na toalha do estabelecimento... Que orgulho!

Por fim , o sono dos justos (ou dos exaustos).

terça-feira, 6 de maio de 2008

Sangue nos olhos

Chegando em Madrid, virados da noite em claro escutando fofocas de nossos vizinhos de poltrona, embarcamos pra Roma. Capotamos, claro. Mesmo assim, o vôo era curto e não deu pra compensar a falta de sono da noite anterior.

Leonardo da Vinci, ou Fiumicino, é o principal aeroporto italiano. Fica a uns 30km de Roma, mas é bem-servido por um trem (Leonardo Express) que nos deixa bem no centro. Claudinha veio pescando e nem viu o percurso.

Claro que nos perdemos já na Roma Termini, a estação de trens. Aliás, Roma é uma zona! Mesmo sendo super turística (5o país que mais recebeu turistas em 2006), não tem boa sinalização para os turistas. Só pra achar o balcão de informações turísticas em Roma Termini, levamos bem meia-hora. As placas indicavam pra andarmos em círculos, e as pessoas (absolutamente todo mundo fala inglês) explicavam o caminho pela metade. Bom, depois de bater perna com os mochilões-chumbo, finalmente achamos o bendito posto turístico e pegamos um mapa que é distribuído em qualquer lugar da cidade...

Metro pro albergue. Claro que nos perdemos de novo... Bendito seja o GPS do blackberry que se recusa a funcionar...

Inúmeras idas e vindas, finalmente chegamos ao albergue Ivanhoe, nosso lar pelas próximas noites. Mas nem o corpo pedindo clemência impediu que a fúria viajante tomasse conta. Mal deixamos a bagagem no beliche (só no nosso quarto tem mais 3 beliches), saimos pra explorar a cidade.

Na rua, a primeira coisa que a Claudinha decidiu explorar foi o lado gastronômico da cidade. Deve ser coisa de nutricionista. O fato de já serem 3hs e estarmos sem comer desde o café-da-manhã do primeiro vôo (no segundo era cobrado à parte) deve ter ajudado a entrarmos na primeira espelunca aberta. Comida de mochileiro é qualquer coisa engolível e barata. Não podíamos ser exceção e encaramos logo uns sandubas. Sanduiches italianos também são pra lá de estranhos. O que pedi vinha com um omelete dentro... Omelete e presunto... Pelo menos tinha sustância!

De barriga cheia, iniciamos o tour. A caminho do Fori Imperial, já vislumbramos o Coliseu. Coisas de Roma, coisas de cidade com > 2.500 anos de idade.

Eu, sangue nos olhos, estava tranquilão na batida. Por outro lado, a Claudinha estava ficando meio abatida. Palavras dela: "com toda razao estava muito cansada e sem forças para caminhar no sol quente, mas a fúria do Gustavo impedia que eu parasse ou tentasse sentar em algum banquinho. Nem que fosse só por uns míseros segundos! Praticamente possuído, foi me arrastando pela cidade. Literalmente. A única parada foi para comer um sorvete do McDonalds (no fator preço não tem pra ninguém na Europa - custa só 50 cents he he he)"

Chegando no albergue, o desmaio foi imediato. 5 horas de diferença de fuso, potencializadas pela maratona turística, fizeram efeito, e formos dormir às 8. Nem a festinha que estava rolando nos acordou...

A ida dos que foram mesmo!

A ida dos que foram mesmo!

A ida pro aeroporto foi a maior viagem pro futuro. Quem se lembra do desenho "Os Jetsons" - que narra as aventuras de uma familia futurista - vai conseguir entender o que é andar com o Jailson no JaTaxi! O cockpit não deixa nada a dever pra uma nave espacial, com tantos apetrechos e bugigangas. Ipod, celular, TV, DVD, GPS, tudo interligado por meio de um complicado entroncamento de fios e conexões sem fio que o próprio Jailson construiu. Generoso, Jailson ainda permite que o passageiro co-piloto tome parte na aventura. Fica tudo à mercê por meio de um controle remoto completíssimo...

Se algum passageiro liga, a música é interrompida enquanto sua voz toma o sistema de som do carro e sua foto surge milagrosamente na tela do DVD.

Como se isso tudo não bastasse, ainda há um menu musical completíssimo, com 14.000 músicas "sem repetir nenhuma". E se o passageiro tiver gostos musicais mais duvidosos (estilo DA pra quem conhece), e não encontrar suas preferidas, o Jailson garante baixar as musicas faltantes na internet para uma próxima viagem... Serviço de primeira mesmo!!!

Corridas podem ser reservadas com antecedência, pela internet, no endereço www.jataxi.com. Com tanto luxo, não é à toa que a Superinteressante, Otávio Mesquita já tenham entrevistado o motorista astronauta. Modesto, ele ainda confessa ter recusado a entrevista da Galisteu, Ratinho e afins... Senão "não ia conseguir mais trabalhar em paz".

Descendo da espaçonave, check in feito, almoço merecido, embarque realizado.

Iberia Lineas Aereas faz a ligação mais barata Brasil-Europa. E dada nossa recente condição de desempregados, não havia outra escolha.

Mas esse esquema da Iberia me intrigou... Provavelmente oferecem também serviços adicionais para complementar a receita. Só isso pra explicar o negócio paralelo de berçários no ar. Nunca imaginei que coubessem tantos bebês em um A340-600. "Será uma viagem longa", pensamos assim que o primeiro recém-nascido desatou a berrar desesperadamente no avião.

Nem 10 minutos de vôo, a Claudinha já olhando ensandecida pra todos os comissários de bordo. "Quando será o lanche?" Afinal, como toda boa nutricionista diz: “o ponto alto da viagem de avião é a comida a bordo”

17:30, pra alivio da nutricionista faminta, serviram o... JANTAR!!! Findo o caneloni, Claudinha já embolsa o pãozinho, polenguinho, manteiga, bolo, salada, molho pra salada, leite em pó.... Afinal, dias famintos virão! Boa! Esse é o espírito!!! Agora todos juntos o nosso mantra: "Cada pão que carregamos é uma refeição que economizamos!"

Loooooonga a viagem foi mesmo, mas não por causa dos bebes... Sentamos na frente de um pessoal noção-zero, que falava mais que pobre na chuva. Bradavam mais alto que o choro de qualquer nenem. Assuntos interessantíssimos, pelo menos: as 3 lipo-esculturas que o rapaz alegre tinha feito, o chapéu da moda de 2 anos atrás que a passageira tinha ("como ela tem coragem de usar isso?"), etc... A noite toda... aaaaallll niiiiight looooong... incansáveis... Cordais vocais de ouro, pois nem roucos eles ficavam... Seria pedir demais.

Quando percebemos, o piloto já anunciava a aterrisagem iminente, e não tinhamos dormido nem uma hora... Vai ser um dia longo!!!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

E foi dada a largada!

Acho que hoje vai... Dedos cruzamos, partimos para o aeroporto.

As perspectivas são poderiam ser melhores...
A idéia é começarmos pela Itália, subir pela Suíça, depois França, Inglaterra + Escócia, Norte da Alemanha, Leste Europeu, Sul da Alemanha, Espanha + Portugal antes de voltar ao Brasil.

A idéia é ficarmos em albergues, e viajarmos de trem. Não reservamos nada, não temos destino fixo... Queremos ter flexibilidade pra mudanças de planos. Aproveitar promoções de cias aéreas, ficar mais tempo nas cidades maneiras, aproveitar as dicas de outros mochileiros...

Europa, aqui vamos nós!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A volta dos que não foram

Mochilão que é mochilão tem que ter perrengue. Faz parte da aventura. Só que nesse caso os perrengues começaram antes mesmo da viagem...

Nossos planos eram embarcar no dia 01/maio (homenagem ao Dia do Trabalho?) pra Espanha, e de lá fazer escala pra Roma. O problema é que na semana passada fiz a entrevista para o visto americano, e meu passaporte ficou preso no consulado, ou em trânsito nos correios.

Sem passaporte, nada de viagem. Com dor no coração ligamos pra agência de viagens e desmarcamos a ida.

O passaporte só chegou hoje, e não dá mais tempo de embarcar hoje mesmo. Como sábado e domingo os vôos da Ibéria já estão lotados, o começo da viagem ficou pra segunda-feira. Ou seja, perdemos, cada um US$100 de taxa de remarcação + 4 dias de passeio...