sábado, 17 de maio de 2008

Veneza

Veneza

De pé em outra madrugada pra pegar o trem pra Veneza. Quem me visse, nem ia reconhecer. Chegamos lá por volta das 10:30 depois de fazer escala em Bologna.

E dai vocês perguntam: mas Veneza não é uma ilha? Não é isolada do mundo? Balela. Existe uma ponte ferroviária pra lá, que torna tudo mais fácil.

Mais fácil mais ou menos, mais barato definitivamente não. Veneza até agora é de longe a cidade mais cara da Itália, um dos países mais caros da Europa (pelo menos pra turismo)

Cara, mas vale a pena conhecer. A cidade é minúscula, do tamanho do Central Park de Nova York (5x2 km). Fica na incrível altitude de 80cm do nível do mar, e ao contrário do que todo mundo acha, não está mais afundando. Desse tamaninho, é incrível como cabem 400 pontes sobre os 170 canais da cidade. O resultado é um emaranhado de caminhos, becos e vielas, onde é impossível não se perder.

A primeira vista, a cidade não impressiona (só pro Gustavo, eu achei ela linda, romantica, mega fófis desde o inicio). Sempre imaginei Veneza tranquila, limpinha. Com as gondôlas passeando placidamente, e os gondoleiros cantando "Dá-me um Coooorneeeettto!!! Lá lá lá lá laaaaaaaaaaaa". Mas não é bem assim. Os minúsculos corredores são apertados, e com construções mega-velhas dos dois lados, não muito conservadas. Parece um cortiço mega-antigo. A cidade ainda é lotada de turistas e barcos passeando por todos os lados. Congestionamento de gôndola é até engraçado...

Mas depois, quando conhecemos um pouquinho mais da cidade, a impressão se reverte totalmente. Os bequinhos são cheios de cafés, lojas de máscaras venezianas, vidros artesanais... A Claudinha diria que ela é charmosa... Se perder nas ruelas acaba sendo bem bacana.

Sua história também é interessante. Depois de constantes saques dos Godos por volta de 400 dC (Saraiva, dessa vez foram só os Godos, sem os Vizigodos), a população da região teve que se refugiar nas ilhas do lago (é, eu também achava que Veneza ficava no mar. Na verdade é um grande lago, estilo aquele de Porto Alegre, conectado ao mar por um trecho). Dai, cercados de água por todos os lados, tiveram que se virar. O resultado é que construíram um império marítimo imbatível para a época, e por muitos séculos.

Mas os caras eram os maiores traíras da história. Primeiro, roubaram o corpo de São Marcos, que consideravam seu protetor, de Alexandria. A lenda conta que trouxeram o corpo em barris de gordura de porco. Tem que ser muito Santo mesmo pra se sujeitar... Depois, na época das Cruzadas, emprestaram seus navios pra atacar Jerusalem. Depois de enchê-los com soldados dos outros países, fizeram uma pequena paradinha pra saquear Constantinopla, que era sua aliada de muito tempo. Quero morrer amigo desses caras.

O principal ponto turístico é a Piazza de São Marcos, onde homens e pombos disputam cada centímetro. Uma das grandes diversões é ficar parado e deixar os pombos se empoleirarem nos braços, ombros, cabeça. Menos pra Claudinha, que acha que os pombos são os ratos do ar. Talvez por terem percebido isso, eles viviam dando uns rasantes pra assustá-la.

Como não há carros (claro), todo o transporte é feito pelos vaporettos, que são barcos-onibus, com linha e paradas definidas. São também mega-caros: cada entrada são 6,50 euros a menos na carteira.

No final do primeiro dia, fomos à ferroviária para já comprar os bilhetes para Genebra, nosso próximo destino. Naquele estilo elegante já conhecido de todos, sentamos no chão no meio da estação, deixando a bagagem ao lado. Causando aquele furor característico, mochilão de um lado, mochilinha de outro. Vendo aquela farofada, dois guardas vieram pedir os passaportes. Claro que gelamos, ainda mais quando eles começaram a falar nossos nomes e números do passaporte nos rádios... Será que temos cara de marginal ou é só de farofeiro mesmo? No fim, viram que somos pessoas de bem e nos liberaram sem maiores contratempos...

Ah, pra terminar não poderiamos deixar de falar que o por do sol de Veneza é lindo, parece aqueles de quadro....

Um comentário:

Anônimo disse...

Gu e Claudinha,estou adorando acompanhar a viagem de vocês.O Gustavo escreve bem e tem muito senso de Humor.Beijos Neisse