Daqui pra frente, o leste europeu. A primeira parada: Praga.
Já no trem deu pra perceber que estávamos em algum lugar diferente da Europa ocidental. O condutor falava como um daqueles locutores de rodeio, super rápido, sem pausas. Um turbilhão de sons totalmente incompreensíveis. Entendíamos bulhufas... :) Em todos os outros países, por mais que não falássemos a língua, conseguíamos pescar uma ou outra palavra... Aqui não... Nem esquerda, nem direita, nem saída, entrada... Não entendíamos absolutamente nada...
Chegando na cidade, fomos direto pro centro histórico, que é bem famoso. Lá tem o tal do relógio astronômico, que mostra, além das horas, também o dia, mês, posição do sol, da lua, da terra, etc etc etc. Pode ser até que mostre, mas não temos a menor idéia de como... Parece simplesmente um monte de ponteiros mexendo aleatoriamente...
Sentamos um pouquinho na praça, pra observar o movimento e dar aquela relaxada...
Todo mundo sabe que os europeus - vamos colocar dessa forma - têm uns conceitos de higiene meio "diferentes" dos nossos... Por exemplo, os franceses carregando as baguetes debaixo do braço (naquele sovaco MEGA fedido, meu Deus como fedem...), sem nenhum saco ou papelzinho... E nem é lenda, porque vimos acontecer várias vezes na cidade... Mas em Praga a higiene ficou diferente demais: estávamos tranquilões na praça, curtindo o dia, quando vimos um pai com seu filhinho, de uns 3 anos de idade. A criança saboreava um sorvete, mas tava exigindo demais da guloseima, inclinando demais a casquinha e desafiando a lei da gravidade... A Claudinha, especialista em sorvetes, já cantou logo: "- quer apostar que aquele sorvete vai cair no chão?". Pois é, dito e feito: nem 10 segundos depois tava lá a bola de sorvete caída, e o menininho choramingando com o pai... Ora vejam vocês... Numa situação dessas, o quê todo pai consciente faria???
Pois é, ele nem titubeou. Vendo o filho chateado por não ter mais o sorvete, o prestativo pai foi lá no meio da praça, pegou a bola de sorvete do chão ("que consciente, limpando o lixo" poderiam dizer os mais ecológicos), deu aquela "sopradinha limpadora-desinfetante", e colocou na casqunha pro filho continuar lambendo??? Ficamos completamente chocados!!!! O que não mata, engorda...
O dia seguinte amanheceu meio chuvoso, e fomos conhecer o famoso castelo de Praga. Ele pode ser tudo, mas não é um castelo. O que todo mundo pensa que é o castelo é uma das igrejas que fica lá dentro. De castelo mesmo só existem os muros externos. Dentro deles, uma cidadezinha à parte: igrejas, museus, lojinhas, etc.
No pátio do castelo ocorre a cada hora a troca da guarda. Mas se na Inglaterra é uma cerimônia completamente formal, aqui parece um samba do criolo doido: os guardas começam a fazer acrobacias coreografadas com os fuzis, jogam as armas de um pro outro, batem no chão. Parece um sapateado! Tudo sincronizado. Bonito, mas só pra turista ver mesmo...
Depois do tour básico, voltamos pra praça principal, onde estava tendo um festival de cultura tailandesa. Foi interessante. Eles apresentaram algumas peças encenadas com marionetes.
À noite rolou a maior integração no albergue. Saímos com a galera (gente to mundo todo) pro bar ("beber, cair, levantar...lá lá lá lá"). Eis que no meio da conversa contei que íamos mudar pros EUA, e que o Gustavo ia fazer um MBA. Depois de um tempinho percebi que eles estavam com uma cara meio estranha. Foi quando veio o comentário mais engraçado da noite:
- Mas ele não parece um jogador de basquete!!!
Ai, ai nada como entender um N em vez de M....
No dia seguinte, fomos a mais um dos famosos Free tour, que já conhecíamos de Londres e Berlin. Nos outros, sempre acabamos deixando uma gorjeta pro guia - afinal, é assim que eles colocam o leite na mesa pras criancinhas - mas dessa vez não teve jeito. A guia, apesar de entender muito de história, não conseguia se comunicar direito. Empolgação zero, volume de voz negativo. Abandonamos o passeio no meio e aproveitamos pra tirar um cochilo no banco no pátio do castelo.
À noite, fomos conhecer a famosa noite de Praga, na companhia de um brasileira e duas malaias. Pegamos indicações locais, e fomos na maior boite de lá. Imensa mesmo! 5 andares, cada um com DJs e ambientes diferentes. O mais legal era observar a pista de dança. Como estava cheio de pessoas de diferentes países, as danças eram também muito diferentes! Tinha uns que pareciam que tavam com um rato dentro da roupa, ficavam se chacoalhando o tempo todo, parecia que queria pegar o roedor... Diversão pura!!! Tocou de tudo, até música brasileira! Dos últimos tempos: "Bate forte o tambor eu quero é tique, tique, taque". Dos últimos tempos mesmo... Essa música deve ter uns 15 anos.
No último dia, fomos conhecer as ousadias da arquitetura checa. Primeiro, o prédio dançante, que é uma construção toda torta. Ela tem esse nome porque passa a idéia de que está se mexendo. E é verdade mesmo, a gente fica com essa impressão. Depois, fomos ver a torre de TV deles. Seria somente uma torre meio diferentona, com um formato estranho, não fosse pela bizarricei de colocar um monte de esculturas de bebês gigantes escalando a torre. Ficou bizarro. Vai entender!
Na noite, pegamos um night train pra Cracovia. Gostamos muito de Praga, vale realmente a pena conhecer!
PS- Maior preocupação do Gustavo durante a viagem:
"-Claudinha quantos tipos de cereais vamos ter na nossa casa nos EUA? 10? 15? A gente tem que ter uma prateleira só pra eles!!! Vamos deixar nas caixas ou em potes?"
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Praga
terça-feira, 17 de junho de 2008
Berlim
A viagem de Paris para Berlim foi em grande estilo! Fomos de night train primeira classe!!! (Compramos pela internet, e não sabiamos que poderíamos ter comprado passagens mais baratas)
Foi uma mega bençao, quarto com camas confortáveis, banheiro dentro do quarto (com direito a pia e chuveiro), café da manhã na cama, com direito até a champagne!!! Aproveitamos pra a promoção no emprego (ficamos sabendo durante o dia anterior)!!! O Gustavo ainda aproveitou pra (finalmente) tomar banho!!! Com o chuveiro no quarto, não poderia desperdiçar a chance de tirar uma onda!!! He, he, he...
Chegamos bem cedo em Berlim e começamos a conhecer a cidade em mais um free walk tour. Foram bem interessantes as explicações sobre a história da cidade.
Berlim optou por não esquecer o seu vergonhoso passado na história recente. São muitos os museus e monumentos lembrando os mortos durante o nazismo e a dura realidade vivida durante a existência do muro, que separava a cidade em duas. A teoria é de que a historia não pode ser esquecida para não correr o risco de ser revivida!!!
No domingo, sob um calor de 30 graus, aproveitamos para conhecer os cartões postais da cidade. Já à noite (mas ainda claro, pois aqui só escurece às dez) achamos uma feirinha fófis e vimos ainda o final de um festival de música!!! O Gustavo aproveitou para brincar nos brinquedos infantis e reviver a infância... E eu pra comer um delicioso bolo de semente de papoula que já estava em promoção!
À noite fomos na rua dos barzinhos tomar uma cerveja alemã e comer salsicha!!! O cardápio não podia ser diferente...
Em nosso último dia fomos visitar o parlamento e depois dar uma passeada no parque! Aliás é um mega parque, lindo, cheio de coelhinhos... Achei fofis!!!
Eis que decidimos procurar um gramado para deitar e tomar um solzinho. Estávamos passeando tranquilões quando avistamos um que parecia interessante. À medida que fomos nos aproximando comecei a perceber que tinha alguma coisa estranha... Um gramado lotado de homens nus!!! Uns 40 peladões tomando sol, sozinhos sem nenhuma mulher... O Gustavo quando percebeu quase teve um treco e me puxou dizendo que eu não podia ver aquilo!!!!
OK, tudo bem! Procuramos outro gramado, onde só uns 20% estavam pelados! E a gente achando que os biquinis brasileiros que eram ousados...
No final da tarde achamos um lugar meio escondido, ao lado do rio, cheio de restaurantes. Muito legal, parecia que era um lugar pra galera fazer um happy hour no verão. Comemos por lá pra nos despedir da cidade, que ganhou o posto de nova cidade preferida!!!
PS- Aproveitei pra colocar em prática o meu extenso alemão!!! Usei com todos que eu encontrava todas as palavras que eu sabia, independentemente do contexto!!! "Bom dia, boa noite, durma bem, obrigada, até logo, eu te amo, etc" He, he, he, não podemos perder as oportunidades!!
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Vale do Luar
Depois de Mont Saint Michel, fomos conhecer o Vale do Luar. É uma região super famosa no interior da França, à beira do rio Luar (dai o nome), e recheada de castelos.
A viagem durou 3 horas, que passaram rapidnhas ao som MPB do pen-drive da Claudinha. Bom pra matar a saudade. Ainda bem que estávamos com um blackberry - que faz as vezes de GPS - e não nos perdemos nas estradas do interior do país.
Decidimos ficar baseados em Tour, uma cidade à beira do rio e que é bem localizada: os principais castelos estão a uns 25km de lá. É um lugar bem animado, com ruas cheias de bares e restaurantes. Ficamos dois dias por lá, e selecionamos 3 castelos para visitar: Azay-le-Rideau, Chenonceaux, e Chambord.
Gostamos muito de todos, mas o preferido foi o Chenonceaux. O castelo foi construído sobre uma ponte, e fica até hoje em cima do rio. Além disso, tem um jardim maravilhoso, de onde foi dificil tirar a Claudinha dos banquinhos!
Pra jantar, escolhemos um restaurante na região mais animada. O problema é que simplesmente não estendemos NADA do cardápio em francês!!! Pedimos então para o garçom traduzir, mas ele não sabia nada de inglês. Aquele impasse... O que nos restou foi a mímica, um espetáculo à parte. O auge foi quando o garçom, não vendo outra saída para explicar um dos pratos, começou a imitar um porco: "hóinc, hóinc"!!! A imitação lhe valeu uma bela gorjeta, que a Claudinha fez questao de na entrega imitar o porco para que ele entendesse o motivo.
Voltamos para Paris e já nos encaminhamos para o nosso primeiro night train.
Observaçao: aproveitamos pra lavar as roupas em Tour. Causamos furor na lavanderia com o nosso método de lavar roupa: coloque tudo, simplesmente tudo (roupas de todas as cores e tecidos) dentro da máquina até o momento em que a portinha não fechar mais. Daí é só você abrir novamente dar umas porradas pras roupas se amassarem ainda mais, fechar e ligar. Pronto, agora é só esperar!!!
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Mont Saint Michel
Depois de Paris, decidimos conhecer um pouquinho o interior da França. Como queríamos ir pra várias pequenas cidades e ficar pouco tempo em cada uma delas, decidimos alugar um carro. Pedimos o mais simples e baratinho, e portanto fomos buscá-lo sem muitas expectativas...
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Mas quando nos deparamos com ele a surpresa: ele era mega, mega fofis!! (Ver foto) Pequenininho, mas foi eleito o carro do ano. Pra um carro simples, ele até que era bem equipado: tinha até leitor de pen-drive pra tocar MP3!
Como era final de tarde, iniciamos a viagem conhecendo o trânsito francês. Pegamos uma avenida que circunda a cidade, igualzinha à Marginal. Na hora do rush, tudo parado. Demoramos quase 1 hora pra sair da cidade. Parecia que estávamos em São Paulo!!!
Escolhemos começar por Mont Saint Michel, que é um castelo cercado por água na região da Normandia. A viagem foi bem tranquila. As estradas eram bem boas, o pedágio bem caro, e poucos carros....
Chegando em Mont Saint Michel, fomos ver o castelo à noite. Realmente muito impressionante!!!. Ele é bem grande, há alguns quilômetros da cidade mais próxima. Com isso, fica isolado de luzes externas, cercado de mar e areia. No meio da noite, um grande contraste com a sua intensa iluminação!!! Realmente muito bonito!!!
No dia seguinte fomos apreciar o castelo à luz do dia. Descobrimos que dentro dele há uma mini cidadezinha (bem turística), com corredores super-estreitos repletos de lojinhas e restaurantes. A gigante população do castelo é de 42 pessoas. Só pra se ter uma idéia de como é bonito, quando o Google Earth criou o serviço de mostrar fotos de lugares turístico, usou o castelo como garoto propaganda!
Fizemos o tour basico (salas, igreja, terraços). Foi bem interessante, a vista lá de cima é espetacular!!!
Valeu a pena! Agora rumo a Tours!!!!!
Paris
De Edinburgo, pegamos um vôo à tarde para Paris, e fomos direto para o hotel. Pois é, havíamos procurado albergues, mas por incrível que pareça não encontramos muitas opções. Por outro lado, existem milhões de hotelzinhos baratos, ao invés dos albergues. Ficamos em um destes bem no limite de Paris, já em Bagnolet (município da Grande Paris). Apesar de longe, era bem pertinho da última estacao de metro, portanto fácil de chegar e sair.
Chegando na cidade, a Claudinha entrou em repeat cantando a musiquinha da copa (que pra falar a verdade eu não conhecia):
Paris, Paris, seu rio é o rio Seeeeena
Paris, Paris, tem louras mas não tem moreeeeenas
Não conhecia mas depois de ouvir umas 200 vezes acabei decorando e não conseguia tirar a música da cabeça.
Fomos conhecer a cidade pela atração principal, a torre Eiffel. Realmente foi só quando vimos a torre que caiu a ficha que estávamos em... Paris!!! E foi uma baita surpresa boa quando, andando no meio da cidade, a vimos surgir por detrás dos prédios. E é impressionante (no mau sentido) saber que ela sofreu uma baita resistência quando foi projetada, no final dos 1800, para uma exposição mundial de arte. Acharam feia demais. Depois, quiseram desmontá-la, mas como era uma boa estrutura para colocar antenas de rádio, acabou se salvando (!!!). De qualquer forma, está ai até hoje.
Passeio tradicional: subimos até o alto, de escadas até o primeiro platô (pra ficar mais barato, claro - pra fazer step é que não era), e depois de elevador até o topo (não dá pra ir de escada até lá) de onde pudemos ter uma vista completa, panorâmica, 360, e tudo o mais que se pode imaginar. E lógico que, como um casal muito competitivo, rolou aquela corridinha básica pelas escadas (coisa de quem está muito à toa, confesso). Fato: ela chegou uns quarenta minutos depois, com meio metro de língua pra fora!!! Versão Claudinha: a Claudinha ia ganhando quando um grupo de turistas a atrapalhou....
Saindo da torre, fomos ao Palácio de Chaillot, que é bem na frente. Lá estava sendo montada uma estrutura de show. Com a curiosidade de turistas à flor-da-pele (e aquela esperança de filar um showzinho de graça), perguntamos pros seguranças o que iria rolar, e soubemos que seria um festival no dia seguinte (domingo) à tarde, com bandas internacionais. O melhor: de graça. Com certeza voltariamos.
Depois, roteiro clássico Paris: Arco do Triunfo, Champs-Elysee, Praça da Concórdia, Jardins des Tuileries. Mas foi só chegarmos ao Arco do Triunfo, que desabou o mundo. Começou a chover canivete. Sorte que eu estava com capa de chuva (valeu, Saraiva!). Amarela, quase fluorescente, com o desenho da Pocahontas, mas ainda assim uma boa proteção da chuva. A Claudinha, coitadinha, ficou mais encharcada que vira-lata em temporal. Buááá!!!!
Sábado à noite em Paris não poderia passar em branco, e fomos à procura de um barzinho que a Marina tinha indicado. No caminho, encontramos um baita de um sambão, num barzinho. Pagode rolando, com a banda "Só Favela". Tava bem animado, e acabamos não resistindo e ficando um pouquinho. Quando finalmente chegamos no outro bar, a decepção: o lugar era muito caro, não acessivel a míseros mochileiros. Acabamos fechando a noite em um bar de rua, também bacaninha.
No dia seguinte, começamos por Sacré-Coeur, Ile de la Cité, Notre Dame. Depois fomos a um prédio modernoso, também indicado pela Marina: Centro Pompidou, com exposição de arte moderna, cinemas e a biblioteca pública. No caminho de volta pro Chaillot (onde teria o show de graça), ainda passamos pelo Jardin de Luxemburgo. Além de ser um parque bem bonito, estava acontecendo um festival de shows de mímica, que filamos um pouquinho. Engraçado...
Depois de tantos passeios, o susto ao olhar o relógio e perceber que estávamos atrasados para o grande show, o grande evento!!!!!
Saímos correndo como uns doidos, para o evento imperdível!!! E o melhor, de graça!!!
Chegamos esbaforidos, e percebemos que estava atrasado. Mas isso não foi nenhum espanto, depois que até a troca da guarda dos lords ingleses também se atrasou... Ficamos matando tempo no Campo de Marte, até ouvirmos vozes no microfone. Nos aproximamos e começamos a desconfiar que tinha alguma coisa estranha....
Começou com o segurança perguntando: "De onde você é? Você ama Israel?". Como assim??? Bom, se essa era a condição pra entrar, "amo muito, muito, é lógico!!!!"
Conseguimos chegar próximo ao palco, e percebemos que estávamos rodeados de judeus, com bandeiras de Israel. Alguns abraçados a bandeira gigantes. Comecou então um discurso infinito, e nada de show! E nós lá, de pé, só na espera. Cadê o bendito do espetáculo com as várias bandas internacionais que nos prometeram? Depois de um tempo, quem de repente chegou? A chuva!!!
Resistimos no início, afinal valeria a pena a chuvinha pra ver o grande show. Mas foi só até descobrirmos que estávamos em um evento de aniversário de Israel. O fato de até o momento só terem tocado músicas judaicas, todas aquelas pessoas cantando os hinos, aquele monte de bandeiras de Israel foram boas dicas pra chegar a essa conclusão (óbvia). Com a chegada da chuva gelada desistimos e fomos embora, frustrados.
Ficamos matando tempo numa lanchonete até às 10 da noite, horário da Torre começar a piscar. Pra quem ainda não viu, vale a pena. De noite, com todas as luzes, é que a torre fica mais bacana. Dá uma baita valorizada. E pra completar, a cada hora cheia depois das 10 (quando escurece, acredite se quiser) a torre começa a piscar. Fica piscando por 10 minutos. Muito bonito.
Dia seguinte, Louvre. Imperdível, mesmo pros leigos como nós. Vale a pena pegar um daqueles audio-guides (aparelhinho tipo um MP3 player que vai te dizendo tudo o que você precisa saber sobre cada obra). Só assim pra conseguir apreciar toda a riqueza do museu.
No outro dia, Versailles. Segundo dizem, é o palácio mais bonito do mundo. Ele é bonitão mesmo, mas o maior charme é seu gigantesco jardim!!!! Uma pena que estava chovendo, pois o passeio no jardim acabou ficando um pouco prejudicado.
Em resumo, Paris realmente merece o destaque que tem. E a Claudinha a elegeu como a cidade mais completa até agora...
terça-feira, 3 de junho de 2008
Escocia
A Escócia não estava em nosso roteiro original, mas como todo mundo fala super-bem do país, resolvemos incluir Edinburgo na viagem. A idéia era dar uma passada rápida de dois dias, só pra olhar como era o país-dos-homens-de-saia.
Conseguimos um ônibus noturno de Londres a Edinburdo (a viagem dura 9 horas), super barato. Mal-acostumados com o conforto dos trens europeus, achamos que o ônibus seria o maior bizu. Afinal, dormiríamos na viagem, economizando uma noite no albergue.
Mas se tem algo que os europeus têm que aprender com os brasileiros é como viajar de ônibus. O que pegamos era apertado, sem lugares marcados (cada um por si pra encontrar lugar bom quando as portas abrem) e sem aquela divisória entre as poltronas que impede que um passageiro invada o espaço do outro. Resultado: quase não dormimos nada.
Claro que chegamos meio moídos em Edinburgo, mas o sangue nos olhos continuava... Corremos pra deixar os mochilões no albergue antes de sair pra explorar a cidade.
Pra falar a verdade, e ao contrário do que esperávamos, não existe muita coisa turística pra se fazer em Edinburgo. A grande atração é um castelo no meio da cidade, mas fora isso não tem muito mais coisa.
Ah, e realmente alguns homens usam saia... Hehehe... Pessoas normais, andando na rua, de saiote e camisa.
A noite aproveitamos pra ir a uma baladinha. Tinha várias opções legais, e dentre elas é lógico que escolhemos o bar universitário: barato e bem animado (final de campeonato de futebol). A Claudinha tomou uma cerveja e disse que era uma benção!!!!!
No geral, não valeu o rolê de subir pra lá antes de voar a Paris. Mas pelo menos a coleção dos shotglasses vai ganhar mais um item...
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Londres
Nosso plano original era seguir de Chamonix para a França - onde ficaríamos mais ou menos 1 semana - e depois para Londres. No entanto, conseguimos um vôo mais barato Genebra-Londres. Como ainda não tínhamos reservado o albergue, mudamos o plano.
Ao descer em Londres, de cara já se nota que é um lugar diferente. A imigração é muuuuito mais rigorosa. Se na entrada pela Espanha não nos perguntaram nada, para entrar na Inglaterra (mesmo vindo da Suíça), o guardinha da imigração só faltou perguntar o tamanho da minha cueca. O resto, questionou tudo: o quê estamos fazendo, de onde viemos, para onde vamos, se já temos passagem de volta, quanto dinheiro temos, etc. E nós lá: onkotô, proncovô, doncovim? Quem não deve não teme, mas mesmo assim a situação é meio tensa. Vai que o cara acordou de mau humor, não achou que a camisa combina com a calça, ou então que brasileiro ou é malandro ou jogador de futebol, e resolve nos barrar? Ainda bem que ele não criou grandes problemas (porque nítido que jogador de futebol eu não sou), mesmo apesar de ainda não termos a passagem de saída da Inglaterra.
Aliás, não sei o por quê eles são tão rigorosos na imigração. As ruas londrinas estão absolutamente cheias de brasileiros. Qualquer passeio não termina sem ouvir o português do Brasil.
Resumindo Londres, diria que é uma cidade viva. Mesmo com o frio (e o vento gelaaaaado!), as ruas estão sempre cheias, e a população aproveita bem a cidade. Nas praças, nos metrôos, nos parques, sempre vários artistas tocando ou cantando ou fazendo qualquer show em troca de uns trocados... E as pessoas contribuem mesmo!
Os parques ficam cheios de pessoas passeando, saindo com os cachorros, correndo. Aliás, nunca vi tanto cachorro nos parques, pra delírio da Claudinha. Nem povo tão animado pra correr. Deve ser o esporte nacional. Mesmo nos dias mais frios, com aquele vento gelado que vai até fundo nos ossos, encontramos vários sem-noção correndo de short e regata. Só se for pagamento de promessa, porque ninguem em sã consciencia faz isso voluntariamente.
Contra o que esperávamos, Londres foi barata pra nós. A começar pelo albergue. Pegamos um super-bem localizado (ao lado do Hyde Park, colado numa estação de metro), super barato (aprox 12 euros por dia por pessoa. Esmola muita o santo desconfia... Mas nós não desconfiamos...
Alimentação também foi muito barata, depois de descobrimos o maior bizu pros mochileiros: no fim de tarde os supermercados passam verificando quais produtos estão pra vencer, e remarcam os preços lá embaixo. Por exemplo, compramos uns sanduiches de 2,50 libras por míseros 10 centavos... Mesma coisa com as saladas de frutas (que não comiamos há séculos), e pacotes de pães... Claro que limpamos o estoque, afinal data de validade é coisa da Globo. Bom demais da conta, so!
Os museus da cidade também facilitam a vida dos sem-salário. Os principais são todos gratuitos, e de excelente qualidade, muito bem organizados.
O que é caro por lá é o transporte público. Pros desavisados, pegar o metro pode custar até 4,50 libras. No entanto, o preço pode ser (muito) menor dependendo do percurso. Existe um cartão pré-pago pra simplificar a vida. Além de minimizar as tarifas, cobrando o mínimo possível, ele ainda dá um desconto. Cada viagem nossa saía por 1,50. Recomendo fortemente, mesmo pra quem vai ficar poucos dias.
Bom, voltando ao albergue, tava realmente muito bom pra ser verdade. Pra pegar o melhor preço, topamos dormir em um quarto de 16 pessoas, 8 beliches praticamente amontoados. Não dava nem pra ver a cor da parede, porque as camas ficavam coladas umas às outras e ocupavam todo o espaço.
Pra crescer a pulga atrás da orelha, ao chegar encontramos um cara mudando de quarto. Explicou que não tinha conseguido dormir nada na noite anterior, por causa do barulho, e que essa era a última tentativa dele. Bom, já tinhamos pagado mesmo, agora era ficar pra ver. Nisso a pulga já tinha virado um carrapato.
Passeamos o dia todo, e quando chegamos para dormir, tinham roubado a cama da Claudinha. Como as camas não eram numeradas, cada um chegava e ocupava qualquer uma. Tinham tirado as coisas da Claudinha de cima da cama e jogado tudo na minha. Já tinhamos sido roubados durante a viagem, mas roubo de cama é demais!!!!!
Como aparentemente todas as camas já estavam ocupadas, chamamos o funcionário do albergue. Ele escolheu meio que aleatoriamente outra cama, e falou que a Claudinha podia dormir ali...
Naquelas condições, tivemos um mega ataque de riso: se roubavam até cama, nada estava seguro... Não queriamos deixar nada destrancado: "- Claudinha, deixa a água embaixo da cama.
- Não!!! Eles vão beber nossa água!!!!!!"
Passeamos pela cidade. Tem muita coisa pra se ver, algumas bem diferentes. Por exemplo, no Hyde Park, tem uma região chamada Speaker's Corner, em que toda e qualquer pessoa pode discursar. É só chegar lá no domingo, subir em algum banquinho e começar a falar sobre qualquer assunto. Sempre pára um monte de gente pra ouvir. Fórmula perfeita pros malucos de plantão. Vários caras aproveitam pra pregar sobre religião, até que alguém de outra fé suba ao lado e comece a debater... Discutir mesmo. Coisa de doido. Mas o pior são os alucinados pseudo-sábios. Tinha um cara que inventou uma teoria. Ao invés de acreditar que eram movimentos tectônicos a causa dos Alpes, ele queria porque queria que todo mundo acreditasse que eles tinham aparecido por causa de um meteoro gigante que tinha caído ao lado... Ou um outro, que tentava convencer que as mulheres deveriam voltar para o fogão. E isso porque a gente só ficou uns 10 minutos, e já viu tanta doideira!
Chegou a noite, fomos dormir e parecia que tudo ia bem. Durou só a primeira soneca... No meio da noite, chegaram 2 meninas bêbadas, que estavam sem cama. Claro que chamaram o cara do albergue pra resolver. Nisso, ele entrou no quarto, acendeu a luz, começou a falar alto como se fosse a coisa mais normal do mundo às 4 da matina. Resultado: o cara do albergue achou um menino dormindo em uma cama que não era dele. Ele teve que arrumar imediatamente as malas e ir embora.
Pra completar, uma das meninas, de tão bêbada, na hora de deitar errou a cama vaga e deitou em cima do Gustavo!!!!!!! Acho que ela não resistiu... Fala sério, né!? Depois de tudo resolvido, ainda sobraram os rooooooncos!!!!!
No dia seguinte acordamos quebrados, mas pelo menos o café da manhã era uma bênção!!!!!!!!!!!!! Aproveitamos pra conhecer Londres em um tour grátis. É um bom esquema que existe em várias cidades da Europa. São tours guiados por jovens universitários que percorrem os principais pontos da cidade a pé. O passeio dura 3:30h, e ao final, se você gostou, deixa uma gorjeta. É barato e vale a pena. O nosso guia conhecia bastante de Londres, e era um cara bem engraçado.
À noite, o carrapato já tinha se transformado num jabuti atrás da orelha. O que poderia nos esperar? Pelo menos as bêbadas já tinham ido embora. De novo, fomos dormir tranquilos. Mas no meio da noite, a Claudinha acorda com um pé gigante do lado da cabeça. O cara na outra cama era tão grande que não cabia na cama dele. Como as camas eram muito próximas, o pezão foi repousar tranquilamente no travesseiro da Claudinha... De fundo, a sinfonia dos roncos de uma menina chinesa. Nunca vi uma menina tão pequena conseguir roncar tão alto!
No fim, ficamos 4 dias na cidade, e conhecemos muita coisa bacana. Big Ben, roda gigante gigante mesmo (a maior do mundo, bem no centro da cidade), Torre de Londres, Trafalgar Square, pub, museus e por ai vai. Nota 10!
terça-feira, 27 de maio de 2008
Congelando nos Alpes
Depois de Genebra, queríamos conhecer os Alpes Suíços. E pra isso não nos contentamos com nada menos que o Mont Blanc, o maior pico da Europa. Fica na divisa entre Suíça, Itália e França, e a cidade mais perto é Chamonix. Chamonix é uma ponta francesa enfiada na Suíça. Literalmente. O trem pra lá parte da Suíça, passa por uns vilarejos na França e termina em outra cidade Suíça. Ou seja, é praticamente uma invasão francesa no território suíço. Portanto conheceríamos os Alpes suíços fora da Suíça.
O trem sai de Genebra numa estação secundária, menos utilizada. Quando chegamos lá, a surpresa. Será que era lá mesmo? Era uma estação fantasma, completamente quebrada. Parecia abandonada. E só pra completar, nem uma viva alma pra pedirmos informações. Na dúvida, e sem ter muita alternativa anyway, decidimos esperar...
Era lá mesmo. Com a pontualidade dos relógios suíços o trem chegou e saiu, exatamente no horário. Ufa...
O problema é que tínhamos comprado a passagem mais barata, e tínhamos que trocar de trem em cidades pequenas. Normalmente, sem problema. Só que dessa vez, não tinha ninguém que falasse inglês decentemente. Como nosso francês também se limita a um reles "Bon Jour", o resultado foi um trem de Babel. Na troca de trens, chegamos a descer na estação errada, mas o motorista (sacanagem seria chamar de maquinista) viu nossa confusão óbvia e veio ajudar.
Fora esses pequenos percalços, a viagem foi fantástica. A cada momento os Alpes mais próximos, dando pra ver mais neve. Sessão fotos, pra delírio (ou descaso) dos nativos que pegavam o trem todo dia...
Chegando na cidade, direto para o hotel... Hotel??? Pois é, não achamos albergue. A cidade é pequena demais, turística demais. Só que só pra turistas chiques. Mas não faz mal. Dormir num hotelzinho confortável, sem a preocupação de trancar todos os pertences toda noite é bem bom. A velha história de dormir com o bode, dormir sem o bode...
A cidade é meio chiquezinha, faz as vezes de veraneio (inverneio???) para suíços e franceses, que vão pra lá esquiar e curtir o clima das montanhas. Nas palavras da Claudinha: "A cidade é mega fofis, tudo florido, bem arrumadinho. Pra qualquer lugar que olhávamos, lá estavam os Alpes ao fundo..."
Sendo o grande programa da região obviamente os Alpes, sem delongas embarcamos em um bondinho até o topo. Caaaaro que até dói, 38 euros por cabeça. Pelo menos subia bem, primeiro pra uma estação intermediária antes da subida final. No final, chegamos a quase 4.000 metros, partindo de +- 1.000. Valeu.
Parecia que estávamos dentro de um quadro. Apesar de já não ser inverno ainda tinha bastante neve. E lógico que rolou uma guerrinha de neve... Bronco vs bronca... He, he, he....
Quem será que ganhou?
Ficamos bastante tempo admirando aquela paisagem de quebra-cabeças de 3.000 peças. Mesmo que fosse feio, íamos olhar por muito tempo... Depois da facada, tínhamos que amortizar os 38 euros... Coleção de escorpião no bolso!!!!
Lá no alto, o público delirou! Tivemos até que posar de modelos. Finalmente o talento foi reconhecido!!! É isso mesmo, um grupo de chineses pediu pra gente se beijar para tirarem uma foto. Acho que acharam romântico, mas não têm o costume de se beijar em público.
Tava beeeeem frio!!! E a Claudinha noção-zero de papete!!!! Se bem que frio no pé é coisa de mocinha mesmo. He he he. De qualquer forma, nunca um chocolate quente caiu tão bem... Assustados com o frio, aproveitando a promoção de troca de estação e já se preparando pro frio da Inglaterra (próximo destino), a Claudinha comprou um casacão e um casaquinho (só 30 euros os dois juntos).
À noite compramos queijos diversos e um vinho para comermos no quarto. Afinal, precisavamos aproveitar o hotel e as comidas típicas dos Alpes! Valeu o passeio. Foi uma bênção!!!!!!
sábado, 17 de maio de 2008
Suíça
Proxima parada: Suíça. Como várias pessoas comentaram que a paisagem até a Suíça era muito bonita, decidimos ir de trem durante o dia (o plano original era avião ou trem norturno).
De Veneza a Milão, de Milão à Genebra. De quebra passamos ao lado do lago Maggiore, no norte da Itália. Região bonita. À medida em que iamos chegando perto da Suíça, a paisagem ia se transformando, e começamos a ver os primeiros sinais dos Alpes. Até engraçado: qualquer sinalzinho de neve, já corriamos de um lado ao outro do trem pra tirar umas fotos. Os locais, acostumados à paisagem, devem ter achado meio bizarro aquela empolgação toda. Mas afinal, tamos aqui pra isso...
Genebra é beeeem diferente das cidades italianas. Tudo é bem mais amplo, as ruas são bem limpas, os carros são mais bacanas. Sede de diversos órgãos internacionais (ONU, Cruz Vermelha, etc), acho que deve ser a cidade mais internacional do mundo. Mais da metade da população é estrangeira.
Diferente também o público do albergue. Ao invés de apenas turistas, muitos estavam na cidade a trabalho e viam o albergue como uma opção de estadia barata.
À beira do lago Geneve, sinceramente, a cidade é bonita, mas não tem muita coisa pra fazer. Imperdìvel é a visita à ONU. De hora em hora pode-se fazer uma visita guiada, com explicações sobre a estrutura e o funcionamento da organização. Vale a pena. É interessante ver como tudo funciona.
O principal ponto turístico é o Jet d'Eau, um jato de água no lago... Um jato de água?! Pois é, só que esse jorra água a 200km/h, atingindo (segundo eles) 140 m de altura, o equivalente a um prédio de 45 andares. Pode reparar, em todas os postais da cidade o jato está lá. Imenso.
Em seguida, fomos procurar o Relógio das Flores. O guia fala que é um relógio gigante, no meio de uma praça, formado por 6.500 espécies de flores. Claro que tinhamos que ver. Só que chegando na tal praça, nada de acharmos o relógio. Andamos pra lá, pra cá. Também de nada adiantou perguntar pros vários nativos, que sempre nos apontavam o lugar de onde tínhamos vindo. Parecíamos duas baratas tontas, andando de um lado ao outro. No final, descobrimos: a cidade está em polvorosa por causa da EuroCopa que será em junho na Austria/Suíça. O relógio de flores está sendo substituído. Tiraram todas as flores, e estão replantaram algumas para formar o desenho de uma bola de futebol... Passamos várias vezes pela tal bola, e nem nos tocamos que poderia ser o relógio... No tal clima da copa, até colocaram um balão gigante em forma de bola de futebol ao lado do Jet d'Eau... Imagina se fosse a copa do mundo.
No albergue, conhecemos um casal de alemães malucos. Têm perto de 50 anos, e estão indo da Suíça à Espanha por 3 semanas... Nada demais, se eles não fossem ... a pé!!!!! Caminham 25 km por dia, durante 7 horas... Sem lenço sem documento, eu voooooou... Agora a Claudinha não tem nem mais coragem de reclamar das nossas míseras maratonas turísticas do dia inteiro...
Suíça é a terra de várias coisas: canivetes, chocolate, queijo, bancos, relógios... Só que nosso parco orçamento só deu pra experimentar o chocolate. Mas valeu a pena, é realmente bom... As outras coisas estamos guardando pra futuras viagens.
Veneza
De pé em outra madrugada pra pegar o trem pra Veneza. Quem me visse, nem ia reconhecer. Chegamos lá por volta das 10:30 depois de fazer escala em Bologna.
E dai vocês perguntam: mas Veneza não é uma ilha? Não é isolada do mundo? Balela. Existe uma ponte ferroviária pra lá, que torna tudo mais fácil.
Mais fácil mais ou menos, mais barato definitivamente não. Veneza até agora é de longe a cidade mais cara da Itália, um dos países mais caros da Europa (pelo menos pra turismo)
Cara, mas vale a pena conhecer. A cidade é minúscula, do tamanho do Central Park de Nova York (5x2 km). Fica na incrível altitude de 80cm do nível do mar, e ao contrário do que todo mundo acha, não está mais afundando. Desse tamaninho, é incrível como cabem 400 pontes sobre os 170 canais da cidade. O resultado é um emaranhado de caminhos, becos e vielas, onde é impossível não se perder.
A primeira vista, a cidade não impressiona (só pro Gustavo, eu achei ela linda, romantica, mega fófis desde o inicio). Sempre imaginei Veneza tranquila, limpinha. Com as gondôlas passeando placidamente, e os gondoleiros cantando "Dá-me um Coooorneeeettto!!! Lá lá lá lá laaaaaaaaaaaa". Mas não é bem assim. Os minúsculos corredores são apertados, e com construções mega-velhas dos dois lados, não muito conservadas. Parece um cortiço mega-antigo. A cidade ainda é lotada de turistas e barcos passeando por todos os lados. Congestionamento de gôndola é até engraçado...
Mas depois, quando conhecemos um pouquinho mais da cidade, a impressão se reverte totalmente. Os bequinhos são cheios de cafés, lojas de máscaras venezianas, vidros artesanais... A Claudinha diria que ela é charmosa... Se perder nas ruelas acaba sendo bem bacana.
Sua história também é interessante. Depois de constantes saques dos Godos por volta de 400 dC (Saraiva, dessa vez foram só os Godos, sem os Vizigodos), a população da região teve que se refugiar nas ilhas do lago (é, eu também achava que Veneza ficava no mar. Na verdade é um grande lago, estilo aquele de Porto Alegre, conectado ao mar por um trecho). Dai, cercados de água por todos os lados, tiveram que se virar. O resultado é que construíram um império marítimo imbatível para a época, e por muitos séculos.
Mas os caras eram os maiores traíras da história. Primeiro, roubaram o corpo de São Marcos, que consideravam seu protetor, de Alexandria. A lenda conta que trouxeram o corpo em barris de gordura de porco. Tem que ser muito Santo mesmo pra se sujeitar... Depois, na época das Cruzadas, emprestaram seus navios pra atacar Jerusalem. Depois de enchê-los com soldados dos outros países, fizeram uma pequena paradinha pra saquear Constantinopla, que era sua aliada de muito tempo. Quero morrer amigo desses caras.
O principal ponto turístico é a Piazza de São Marcos, onde homens e pombos disputam cada centímetro. Uma das grandes diversões é ficar parado e deixar os pombos se empoleirarem nos braços, ombros, cabeça. Menos pra Claudinha, que acha que os pombos são os ratos do ar. Talvez por terem percebido isso, eles viviam dando uns rasantes pra assustá-la.
Como não há carros (claro), todo o transporte é feito pelos vaporettos, que são barcos-onibus, com linha e paradas definidas. São também mega-caros: cada entrada são 6,50 euros a menos na carteira.
No final do primeiro dia, fomos à ferroviária para já comprar os bilhetes para Genebra, nosso próximo destino. Naquele estilo elegante já conhecido de todos, sentamos no chão no meio da estação, deixando a bagagem ao lado. Causando aquele furor característico, mochilão de um lado, mochilinha de outro. Vendo aquela farofada, dois guardas vieram pedir os passaportes. Claro que gelamos, ainda mais quando eles começaram a falar nossos nomes e números do passaporte nos rádios... Será que temos cara de marginal ou é só de farofeiro mesmo? No fim, viram que somos pessoas de bem e nos liberaram sem maiores contratempos...
Ah, pra terminar não poderiamos deixar de falar que o por do sol de Veneza é lindo, parece aqueles de quadro....
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Florença + Pisa
Madrugamos pra sair de Roma, e pegamos o trem das 6:00 am. Chegamos em Florença por volta das 10:00am. Depois de deixar as malas no albergue (Dany's House), corremos pra conhecer a cidade.
Florença é bem mais tranquila que Roma. Para os toscos (será que eu digo?), é a capital da Toscana. Foi o berço do Renascimento, e considerada o centro do mundo no século 15.
Iniciamos o tour pela Cattedrale di Santa Maria del Fiori, mais conhecida como Duomo. Ela domina a cidade, sendo de longe a maior construção da região. A primeira vista é impressionante. Passeando tranquilamente no meio de ruazinhas com prédios baixinhos, de repente se abre uma praça bem ao pé da imensa Catedral, que ainda tem uma torre pra lá de alta. O que chama mais a atencao é que todo o exterior é colorido, com mármore branco, verde e rosa (não, não é a mangueira). Típico passeio lá dentro e subida para a cúpula - 99 metros e milhares de degraus. Mas a vista compensa.
Em seguida, após tomarmos aquele gelatto - sorvetinho básico de todo dia (aliás os sorvetes da Italia são uma benção!!!!!!!!!!!!) - passamos pela famosa ponte das joias e fomos ver o pôr do sol na Piazza Michelangelo. Como bons farofeiros, aproveitamos pra fazer uma mega farofada com direito a pão, salada e frutas secas bem na escadaria... Pode-se dizer que causamos furor!!!!!!!!!
O pôr do sol foi simplesmente espetacular, na verdade na companhia da Claudinha tudo se torna um grande espetaculo!!!!!!!!!! (Adivinhem quem escreveu esse trecho)
No dia seguinte fomos à Pisa ver a famosa torre. Ela é realmente BEM torta, dá até aflição!!!!! Depois de tirar aquelas fotos bem criativas e originais empurrando/segurando a torre, voltamos pra Florença. Foi pá-pum.
De volta, mais um museuzinho básico e para finalizar um jantar típico: pão, vinho, espaguete e sorvete!!!! Confesso que neste momento abandonamos um pouco a vida de mochiileiros, mas ninguém é de ferro....
Dormimos, e quando amanheceu, descobrimos que as havaianas da Claudinha tinham sido roubadas. E isso que eram das mais simplezinhas, que ela tinha ganhado de brinde. Bom pra relembrar que temos que ficar espertos. Até em país desenvolvido essas coisas acontecem...
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Roma nos finalmentes
O último dia de Roma foi sossegado. Dada a fúria dos dias anteriores, já tinhamos coberto quase tudo o que queriamos ver.
Acordamos tarde (9:30) e de novo detonamos o café-da-manhã antes de sairmos.
A caminho da Boca da Verdade, paramos no Museu Capitolino pra ver a loba com os bebês-gêmeos, símbolo de Roma. Depois, a dita Boca de la Verita. É uma escultura de uma face circular (estilo Smiley) presa na parede. O costume é colocar a mão direita na boca da estátua. Se a pessoa for mentirosa, a boca se fecha, decepando a mão.
A caminho da próxima atração, paramos pra fazer um lanche rápido: ovo cozido guardado do café-da-manhã, sem sal e descascado no meio-fio (ou na guia, como dizem os paulistas).
Depois, fomos visitar o muro que circunda a cidade, e que era usado como proteção contra invasões. No portão de São Paulo, há uma pirâmide. Meio nada a ver, mas tá lá.
Tinhamos ido a pé, pensando em voltar de metro pra cruzar a cidade. Mas chegando lá, o que acontece? Greve do metro. Pois é, europeu também faz greve. Tivemos que esperar até as 2:00 pra tudo se regularizar.
Piazza do Poppolo e di Spagna completaram o circuito Roma. Só não deu tempo de ver as catacumbas. Mas não faz mal. Primeira cidade vencida!
Antes de dormir, a confraternização no albergue. Pra fechar com chave de ouro, aulinha de samba e forró pros gringos...
Vaticano
Ontem caminhando o dia todo no sol, torramos. É, eu sei... É vergonhoso brasileiros torrarem no sol da Europa. Afinal, nós somos o país do sol, e eles do frio. A Claudinha com a mala cheia de casacos, cachecol, gorro, luvas... No outro extremo, eu só trouxe um casaco simples. Homem que é homem dorme pelado no frio e acorda suando. De qualquer forma, protetor solar virou prioridade.
O café da manhã do albergue é um "coma à vontade" por 2 Euros... He he he (risada maquiavélica). Ingênuos, acho que eles não esperavam dois turistas do 3o mundo esfomeados... Comemos tudo o que tínhamos direito e mais um pouco. E ainda guardamos uns bolinhos e sandubas pra mais tarde. Os 2 euros saíram baratos.
Dia de Vaticano! Os museus abriam 8:45, mas já estávamos na fila às 8:30, devidamente solar-protegidos.
Os museus do Vaticano são impressionantes. Há obras de diversos tipos: galeria dos mapas, dos tapetes, das carruagens, etc. Claro que com nosso senso artístico pra lá de refinado, demos aquela olhadinha básica e passamos direto, indo pro que realmente importava: Stanze di Raffaello e Capela Sistina.
A tal da Stanze di Rafaello são os aposentos privativos do Papa Julio II. O detalhe que os torna tão famosos é que as paredes são repletas de pinturas de Rafael, um dos maiores mestres do Renascimento.
Ainda mais impressionante é a Capela Sistina. Foi contruída em 1473 pra ser a capela privada do papa Sixtus IV. É na verdade uma imensa (e bota imensa nisso) sala recoberta de obras de Michelangelo. Destaques são uma parede com a obra "Julgamento Final" - que retrata a briga entre céu e inferno pelas almas dos mortais - e "Criação", pintada no teto e que é a cena do dedo. Nessa sala trabalham os guardas que têm o pior trabalho do mundo: ficam absolutamente o dia inteiro de pé gritando "Silence Please!!!"
Mas na verdade mesmo o que mais chamou a atenção dos visitantes não foram as obras expostas... Foi a crise de soluço da Claudinha. Sabe aquele soluço alto, que faz até eco? Pois é. Imagine um atrás do outro. Os visitantes deixaram de lado as pinturas e passaram a admirar a sinfonia...
Depois foi a vez de visitar a Basilica de São Pedro - que na verdade foi construída para marcar o túmulo dele. Impressiona, por dentro e por fora. Lá existe o maior monumento de bronze do mundo, com 90t. Quando estavam construindo, acabou o bronze, e ainda faltava um bom bocado pra terminar o monumento. No desespero, o papa da época não teve dúvidas e tirou o que faltava da frente do Panteao!!! Imagine! Desmanchar um edifício de (na época) 1500 anos só pra conseguir o metal!!! Loucos furiosos. Mais uma vez a Claudinha deu um show à parte: foi tirar uma foto minha, se empolgou e deitou no chão pra pegar o melhor ângulo. É lógico que o guarda quase teve um treco quando viu a cena inacreditável no templo sagrado... E o pior é que a foto nem saiu...
Pra completar o passeio, a subida à cúpula. Europeu é esperto mesmo! Subimos 551 degraus, e ainda tivemos que pagar!
Na frente da Basílica, a Piazza de San Pietro. Essa é aquela que sempre aparece na TV quando o Papa vai falar. Uma boa descrição é majestosa. No centro, um obelisco egípcio de uns 3000 anos trazido por Caligula. De novo, como fizeram com o Panteao, tinham que cristianizar o monumento. Fizeram isso através de uma cruz no topo, e a bênção especial da base. Dai, só pra garantir, afixaram também um pedaço da cruz verdadeira. Monumento pronto, praça protegida espiritualmente.
O resto do dia foi gasto perambulando pela cidade. Piazza Navona, repeteco da Fontana di Trevi...
Recebi uma excelente notícia, totalmente inesperada. Como tinha alguns dias de férias acumuladas, não estou engrossando a massa dos desempregados. Até o início de junho, estou de férias, o que significa que este mês ainda recebo salário. Depois disso, viro estatística.
domingo, 11 de maio de 2008
Roma, caput mundi
Roma, capital do mundo. Assim era conhecida a Roma de antigamente. Foi fundada por volta de 700 a.C. A lenda conta de dois bebês gêmeos, Romulo e Remo, criados por uma loba. Quando cresceram, decidiram fundar uma cidade e cada qual escolheu um monte pra começá-la. Brigaram nessa disputa, e Romulo matou Remo. Como vencedor, sua cidade floresceu e foi chamada de Roma.
Hoje em dia a cidade também é conhecida por Roma, a cidade eterna. E não é pra menos... Roma é daquele tipo que surpreende a cada quarteirão. Andando como quem não quer nada, de repente vira-se a esquina e se dá de cara algo de 2.000 anos atrás, tipo o Coliseu. Ou então com um momumento extremamente rico e trabalhado, a Fontana di Trevi, só de exemplo.
Demos a sorte do nosso primeiro dia "de verdade" em Roma ser uma quarta-feira (o dia anterior estávamos zumbis por não ter dormido). Todas as quartas-feiras o Papa realiza uma missa pública, normalmente na Piazza de San Pietro. Não podiamos desperdiçar a oportunidade, e fomos.
O Papa é pop. Para ficar pertinho de sua Santidade, é preciso reservar lugar no dia anterior, pessoalmente ou por fax. Não tinhamos reservado (claro!), mas mesmo assim pudemos entrar. Só tivemos que nos contentar em vê-lo de um pouquinho mais longe. E teve de tudo... Entrada de Papa-móvel, desfile entre o Povo, atraso pra começar... Não ficamos pra ver tudo, mas valeu mesmo assim.
Saimos perambulando por Roma. Primeira parada, Piazza Navona, super famosa, e onde reúnem-se diversos artistas italianos, pintando, vendendo obras, tocando. No meio, também uns enganadores, com mais papo do que arte. No geral, bacana. A embaixada brasileira, que fica aqui, se deu bem.
Depois, Panteao - dos antigos, o edifício melhor conservado. Foi criado por volta de 30 a.C (isso mesmo, a.C), e está lá até hoje. É basicamente uma cúpula imensa, de concreto, com um furo no meio, por onde entra o sol. Falando assim, parece pouco, mas impressiona. É gigante, super alto, sem nehuma pilastra de suporte (só as paredes). Os engenheiros da época (como deve ser bacana ser engenheiro!) foram brilhantes ao bolar uma estrutura que vai ficando mais leve à medida em que fica mais alta. Se não fosse assim, o peso do concreto no teto poria tudo abaixo. Originalmente, servia para adorar os diversos deuses cultuados pelos Romanos de antigamente (o principal era Jupiter). Na época d.C (até estranho falar isso), com a ascenção da Igreja, transformaram num templo Cristão. Sinceramente, ficou meio estranho. Imagens de Santos, Crucifixos, junto de pilastras estilo grego.
Próxima parada: Monumento a Vittorio Emanuele. Esse foi "o cara" da Itália. Foi ele quem conseguiu reunificar a Itália na forma como ela é hoje, depois da época medieval em que existiam apenas várias cidades-estado independentes. A descrição correta do monumento é "grandioso". Quando falamos em monumento, o que vem à cabeça é uma estátua qualquer. Aqui não. É uma praça inteira, com vários andares. Claro que o dito cujo tem o devido destaque, em uma estátua gigante, montado a cavalo (que é como os grandes heróis são sempre representados por aqui). Na base, várias esculturas de mulheres representando as várias cidades-estado, de acordo com as vestimentas. Por exemplo a poderosa Milão é uma guerreira com um touro desenhado no escudo. Animal.
Depois, visitamos as ruínas do Coliseu. Na política antiga de "pão e circo para o povo", o Coliseu representa o circo. Comportava 50.000 pessoas, e era onde os espetáculos públicos aconteciam. Lutas de gladiadores, homens contra animais, martírio dos cristãos. Muito sangue derramado. Hoje em dia se vê as paredes em ruínas. Interessante imaginar como era antigamente, em todo o seu esplendor. Em italiano, o nome é Colosseo, devido à estátua de proporções colossais à entrada, porém que infelizmente se perdeu no tempo.
Já era final de tarde, e as pernas já estavam a reclamar do martírio de passar o dia inteiro em pé.
Mas claro que o sangue nos olhos prevaleceu. Apertado, encaixamos uma visita ao Palatino, o morro onde a cidade começou. Em resumo, ruinas no meio de destroços. É até engraçado quando se vê placas apontando a Casa di Augusto, e só o que tem lá é um monte de entulho. Tudo bem, entulho de 2.000 anos, mas ainda assim entulho...
Na volta pra casa nos perdemos novamente. Tudo bem todos os caminhos levarem a Roma, mas precisava serem tão embaralhados? No jantar, em Roma fizemos como os romanos, e detonamos aquela pizza. Faminta, a Claudinha, livre de preconceitos e de costumes da civilização, abandonou o uso de talheres e guardanapos... Devorou seu pedaço de pizza e ainda limpou a mão na toalha do estabelecimento... Que orgulho!
Por fim , o sono dos justos (ou dos exaustos).
terça-feira, 6 de maio de 2008
Sangue nos olhos
Chegando em Madrid, virados da noite em claro escutando fofocas de nossos vizinhos de poltrona, embarcamos pra Roma. Capotamos, claro. Mesmo assim, o vôo era curto e não deu pra compensar a falta de sono da noite anterior.
Leonardo da Vinci, ou Fiumicino, é o principal aeroporto italiano. Fica a uns 30km de Roma, mas é bem-servido por um trem (Leonardo Express) que nos deixa bem no centro. Claudinha veio pescando e nem viu o percurso.
Claro que nos perdemos já na Roma Termini, a estação de trens. Aliás, Roma é uma zona! Mesmo sendo super turística (5o país que mais recebeu turistas em 2006), não tem boa sinalização para os turistas. Só pra achar o balcão de informações turísticas em Roma Termini, levamos bem meia-hora. As placas indicavam pra andarmos em círculos, e as pessoas (absolutamente todo mundo fala inglês) explicavam o caminho pela metade. Bom, depois de bater perna com os mochilões-chumbo, finalmente achamos o bendito posto turístico e pegamos um mapa que é distribuído em qualquer lugar da cidade...
Metro pro albergue. Claro que nos perdemos de novo... Bendito seja o GPS do blackberry que se recusa a funcionar...
Inúmeras idas e vindas, finalmente chegamos ao albergue Ivanhoe, nosso lar pelas próximas noites. Mas nem o corpo pedindo clemência impediu que a fúria viajante tomasse conta. Mal deixamos a bagagem no beliche (só no nosso quarto tem mais 3 beliches), saimos pra explorar a cidade.
Na rua, a primeira coisa que a Claudinha decidiu explorar foi o lado gastronômico da cidade. Deve ser coisa de nutricionista. O fato de já serem 3hs e estarmos sem comer desde o café-da-manhã do primeiro vôo (no segundo era cobrado à parte) deve ter ajudado a entrarmos na primeira espelunca aberta. Comida de mochileiro é qualquer coisa engolível e barata. Não podíamos ser exceção e encaramos logo uns sandubas. Sanduiches italianos também são pra lá de estranhos. O que pedi vinha com um omelete dentro... Omelete e presunto... Pelo menos tinha sustância!
De barriga cheia, iniciamos o tour. A caminho do Fori Imperial, já vislumbramos o Coliseu. Coisas de Roma, coisas de cidade com > 2.500 anos de idade.
Eu, sangue nos olhos, estava tranquilão na batida. Por outro lado, a Claudinha estava ficando meio abatida. Palavras dela: "com toda razao estava muito cansada e sem forças para caminhar no sol quente, mas a fúria do Gustavo impedia que eu parasse ou tentasse sentar em algum banquinho. Nem que fosse só por uns míseros segundos! Praticamente possuído, foi me arrastando pela cidade. Literalmente. A única parada foi para comer um sorvete do McDonalds (no fator preço não tem pra ninguém na Europa - custa só 50 cents he he he)"
Chegando no albergue, o desmaio foi imediato. 5 horas de diferença de fuso, potencializadas pela maratona turística, fizeram efeito, e formos dormir às 8. Nem a festinha que estava rolando nos acordou...
A ida dos que foram mesmo!
A ida pro aeroporto foi a maior viagem pro futuro. Quem se lembra do desenho "Os Jetsons" - que narra as aventuras de uma familia futurista - vai conseguir entender o que é andar com o Jailson no JaTaxi! O cockpit não deixa nada a dever pra uma nave espacial, com tantos apetrechos e bugigangas. Ipod, celular, TV, DVD, GPS, tudo interligado por meio de um complicado entroncamento de fios e conexões sem fio que o próprio Jailson construiu. Generoso, Jailson ainda permite que o passageiro co-piloto tome parte na aventura. Fica tudo à mercê por meio de um controle remoto completíssimo...
Se algum passageiro liga, a música é interrompida enquanto sua voz toma o sistema de som do carro e sua foto surge milagrosamente na tela do DVD.
Como se isso tudo não bastasse, ainda há um menu musical completíssimo, com 14.000 músicas "sem repetir nenhuma". E se o passageiro tiver gostos musicais mais duvidosos (estilo DA pra quem conhece), e não encontrar suas preferidas, o Jailson garante baixar as musicas faltantes na internet para uma próxima viagem... Serviço de primeira mesmo!!!
Corridas podem ser reservadas com antecedência, pela internet, no endereço www.jataxi.com. Com tanto luxo, não é à toa que a Superinteressante, Otávio Mesquita já tenham entrevistado o motorista astronauta. Modesto, ele ainda confessa ter recusado a entrevista da Galisteu, Ratinho e afins... Senão "não ia conseguir mais trabalhar em paz".
Descendo da espaçonave, check in feito, almoço merecido, embarque realizado.
Iberia Lineas Aereas faz a ligação mais barata Brasil-Europa. E dada nossa recente condição de desempregados, não havia outra escolha.
Mas esse esquema da Iberia me intrigou... Provavelmente oferecem também serviços adicionais para complementar a receita. Só isso pra explicar o negócio paralelo de berçários no ar. Nunca imaginei que coubessem tantos bebês em um A340-600. "Será uma viagem longa", pensamos assim que o primeiro recém-nascido desatou a berrar desesperadamente no avião.
Nem 10 minutos de vôo, a Claudinha já olhando ensandecida pra todos os comissários de bordo. "Quando será o lanche?" Afinal, como toda boa nutricionista diz: “o ponto alto da viagem de avião é a comida a bordo”
17:30, pra alivio da nutricionista faminta, serviram o... JANTAR!!! Findo o caneloni, Claudinha já embolsa o pãozinho, polenguinho, manteiga, bolo, salada, molho pra salada, leite em pó.... Afinal, dias famintos virão! Boa! Esse é o espírito!!! Agora todos juntos o nosso mantra: "Cada pão que carregamos é uma refeição que economizamos!"
Loooooonga a viagem foi mesmo, mas não por causa dos bebes... Sentamos na frente de um pessoal noção-zero, que falava mais que pobre na chuva. Bradavam mais alto que o choro de qualquer nenem. Assuntos interessantíssimos, pelo menos: as 3 lipo-esculturas que o rapaz alegre tinha feito, o chapéu da moda de 2 anos atrás que a passageira tinha ("como ela tem coragem de usar isso?"), etc... A noite toda... aaaaallll niiiiight looooong... incansáveis... Cordais vocais de ouro, pois nem roucos eles ficavam... Seria pedir demais.
Quando percebemos, o piloto já anunciava a aterrisagem iminente, e não tinhamos dormido nem uma hora... Vai ser um dia longo!!!
segunda-feira, 5 de maio de 2008
E foi dada a largada!
As perspectivas são poderiam ser melhores...
A idéia é começarmos pela Itália, subir pela Suíça, depois França, Inglaterra + Escócia, Norte da Alemanha, Leste Europeu, Sul da Alemanha, Espanha + Portugal antes de voltar ao Brasil.
A idéia é ficarmos em albergues, e viajarmos de trem. Não reservamos nada, não temos destino fixo... Queremos ter flexibilidade pra mudanças de planos. Aproveitar promoções de cias aéreas, ficar mais tempo nas cidades maneiras, aproveitar as dicas de outros mochileiros...
Europa, aqui vamos nós!
sexta-feira, 2 de maio de 2008
A volta dos que não foram
Nossos planos eram embarcar no dia 01/maio (homenagem ao Dia do Trabalho?) pra Espanha, e de lá fazer escala pra Roma. O problema é que na semana passada fiz a entrevista para o visto americano, e meu passaporte ficou preso no consulado, ou em trânsito nos correios.
Sem passaporte, nada de viagem. Com dor no coração ligamos pra agência de viagens e desmarcamos a ida.
O passaporte só chegou hoje, e não dá mais tempo de embarcar hoje mesmo. Como sábado e domingo os vôos da Ibéria já estão lotados, o começo da viagem ficou pra segunda-feira. Ou seja, perdemos, cada um US$100 de taxa de remarcação + 4 dias de passeio...
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Europa, aqui vamos nós
Em julho vamos mudar pros EUA pra fazer cursos (MBA pra mim, Gerenciamento de Restaurantes pra Claudinha). Então, já que vamos sair do trabalho mesmo, nada mais justo que antecipar a saída e partir pra umas boas e merecidas férias. Destino: Velho Continente.
Hoje começamos a engrossar a massa dos desempregados, e voltamos a ser estudantes...