Acordamos tranqüilos, sem pressa. A van só partia às 12pm, então tínhamos tempo mais que suficiente pra tomar um café-da-manhã sossegado, como se estivéssemos de férias. Matamos o resto do tempo na pracinha da cidade, depois de procurar, sem sucesso, uma sorveteria.
Embarcamos na van. Calor de 40o e três gringos-hippies fedorentos já suavam no seu interior. Ficamos parados uns 30 minutos, só para suarmos até nos sentirmos tristes por existir.
No meio do caminho, a fronteira. Arrancar dinheiro de turistas deve ser realmente fácil. Pagamos pra sair de Honduras, pagamos pra entrar na Guatemala.
Além de turistas, devemos ter cara de pato. Ao tentar pagar a saída de Honduras para o solitário agente de fronteira, demos uma nota de US$5. O prestimoso agente guardou a nota, enquanto procurava troco. Infelizmente não tinha troco - informou-nos em segundos - e pediu para que pagássemos em lempiras. "Esqueceu" nossa nota guardada em sua gaveta. Devidamente lembrado, devolveu-a a seus devidos donos.
Já na fronteira a versão local dos cambistas abordava os turistas nas filas oferecendo câmbio de dólares ou lempiras por quetzal, a moeda local. Apesar de não saber a cotação oficial, certeza que a cotação da fronteira, ditada pelos cambistas (cada qual com um enorme maço de notas na mão) era altamente desfavorável para os turistas.
De volta à estrada, tivemos que parar novamente para dar passagem a um pequeno rebanho que cruzava o caminho. Coisa de interior, não importa o país.
Nosso estomago gentilmente nos lembrou que a ultima vez que havíamos comido era o café da manhã às 8am, e já era mais de 2pm. Na primeira parada da van (para deixar um casal de espanhóis), corremos pra uma barraquinha. Não aceitavam dólares, não aceitavam lempiras. Ainda não tínhamos quetzals (dinheiro local). Continuamos com fome. Nosso estomago fazia questão de não nos deixar esquecer...
Finalmente chegamos em Antigua depois de quase 6 horas na van... Famintos, cansados, suados. Carregando as mochilas gigantes que nos acompanhavam, fomos procurar lugar pra dormir. A opção indicada no guia estava lotada. Como não estávamos com a menor paciência de sair andando com aquele peso às costas, resolvemos nos alojar na espelunca vizinha. Péssima idéia... Quarto pequeno, mal-iluminado, parecia que sequer haviam trocado a roupa de cama. Banheiro compartilhado.. Leo teve uma crise de alergia. Fazer o que, não íamos sair procurando mais nada àquela hora. Pelo menos era barato.
Resolvido o problema do alojamento, fomos atrás de comida. Decidimos que entraríamos no primeiro lugar que servisse qualquer coisa engolível, pois a situação já estava deplorável. Foi um McDonalds...
Com os maiores problemas resolvidos, fomos passear pela cidade.
Antigua é uma cidadezinha agradável, de 50.000 habitantes. Foi fundada em torno de 1530, e foi a capital do país até que um terremoto a destruiu em 1773. Aliás, quase tudo na cidade foi construído varias vezes. O homem construía, vinha um terremoto e destruía. O homem construía de novo, só pra outro terremoto destruir de novo. Ficaram nessa brincadeira por algum tempo.
Como toda cidade pequena do interior, a vida gira em torno da praça principal, que é intitulada "a mais bonita do país". Não conheço as outras, mas não me admira se realmente for. A praça é grandinha, com uma alta fonte no meio, cercada de edifícios históricos muito bem iluminados e preservados. Muito bacana e agradável.
Como já estava ficando tarde, resolvemos encerrar o expediente. Impressionantemente, conseguimos nos perder numa cidade tão pequena. Não uma, nem duas, mas várias vezes. Ficamos zanzando feito baratas tontas pelas ruas todas iguais da cidade. Todas de pedra, com casinhas coloridas. Íamos e voltávamos, sempre com a absoluta certeza que a espelunca que dormiríamos estava na próxima esquina.
Por fim desistimos, engolimos o orgulho, voltamos até a praça principal e seguimos o mapa, até o lugar certo. Como se não bastasse, ainda tivemos que ficar esmurrando a porta da pousada para que alguém abrisse. Depois de um tempo que pareceu eterno (na noite deserta da cidade), apareceu um guatemalteco com cara de sono, e permitiu nossa entrada.
Dormimos.
quinta-feira, 10 de agosto de 2006
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