Ainda no claustrofóbico ônibus, o calor era sufocante. Janelas hermeticamente fechadas e dezenas de pessoas respirando o mesmo ar rançoso a horas. Obviamente o sono não me abençoava (Leo) e eu me segurava entre as apertadas poltronas durante as curvas fechadas do coletivo. Em uma dessas, um baque seco, seguido de freada brusca e a sensação de um quebra-molas. Atropelamos algo como um cervo. Definitivamente desisti de dormir e parti para um Jamiroquai, numa tentativa de acalmar os ânimos. Após mais uma revista militar (a segunda na noite - um soldado entrava e interrogava os passageiros) e a saída de mais uma dúzia de pessoas (que provavelmente tinham algum problema com seus documentos), atingimos o terminal de ônibus de La Entrada às 4am, onde faríamos a baldeação para Copan. Terminal é até um excesso literário, pois parecia-se mais com posto abandonado na beira de estrada. Sozinhos, de madrugada, em uma cidade desconhecida, em um lugar deserto. Definitivamente não era uma sensação das mais agradáveis.
Adeptos da política “sentar em qualquer lugar”, nós nos jogamos no sujo chão do terminal, entre duas apertadas paredes para chamar pouca atenção de qualquer insone. Atendendo a um chamado da natureza, dirigi-me ao mictório publico mais próximo, a verso do tal terminal. Três milisegundos após aberto o zíper, surge de um cortiço na escuridão um hondurenho andando firme em minha direção, armado com um facão. Parti para estratégia pingüim de Madagascar: "cara de bonzinho, cara de bonzinho e sair de fininho". Quando a figura, portando o tal facão de 1/2 metro, nos alcançou, já estava sentado ao lado das mochilas, fazendo perguntas “a la” turista perdido. Ele ainda nos escoltou até partirmos para a van de Copan - sinistro.
Nunca imaginei que coubessem mais que 20 pessoas em uma van-besta. Cabem. Cabem uma 25 pessoas e 5 caixas de abacate de quebra. Foram as 1:30 horas mais longas e mais cheias de contato humano.
Nos hospedamos bem, muito bem. Cafe Via Via é uma pousada direcionada para mochileiros, mas perfeita nos detalhes. Informações mil, rango espetáculo e top músicas fazem os 14USD muito bem gastos.
Copan Ruinas, o motivo de nossa viagem para esta cidadezinha, vale a pena. Um ensolarado dia fez nossa visita as ruínas maias superarem todas as expectativas. Pirâmides, stelas, escadarias trabalhadas, túneis, tudo muito bem conservado e organizado neste fabuloso museu ao ar livre. Fotos, fotos, soneca, fotos e andança deixaram-nos cansados e famintos.
Após uma refeição-extorção, banho e soneca nos aguardavam.
Zzzzzz...
Zzzzzz...
Acordei e ainda havia sol e a musica bombava em nossa pousada-balada. Levantei só pra saber o som que rolava: Saint Germain - Moulin Rouge. Valeu.
Ai foi só comer e voltar a dormir. Excelente.
quarta-feira, 9 de agosto de 2006
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