segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Stand-by Again

O bipe incessante do despertador não me acordou, pois o calor e a umidade já o haviam feito (Leo). No pais-sauna, dormir no chão parece a alternativa mais viável para sobrevivência. Mas dado o luxo de nosso apto, Gus foi o único a topar dividir o chão com as baratas.

Despertos, ousamos bancar um táxi-roubo para o aeroporto, na esperança de convertermos nossos assentos ainda Stand-by em algo mais material. Já íntimos das atendentes da famigerada Copa Airlines, lamuriamos nossa situação para Kátia, a mais simpática delas. Instantes após, tínhamos assentos certos e iniciamos os planos para nosso destino.

Adentrando na nave, nossos assentos ocupados indicavam o início de problemas. Aplicando o golpe Armless-John, já nos acomodamos confortavelmente na classe Elite Ejecutiva e escolhíamos nosso prato de almoço. A hora de partida se aproximava, mas nossos sorrisos esvaíram-se quando uma horda de panamenhos atrasados entrou na nave. Conduzidos de volta ao terminal, ainda discutíamos a injustiça quando o avião decolou.


Resignados, seguimos pras acomodações designadas. Confesso que as 5* do hotel cassino El Panamá estavam aquém dos nossos padrões, mas aceitamos a oferta mesmo assim. Pelo menos nossos nababescos aposentos, equipados com água quente e ar-condicionado-freezer, davam uma excelente vista da piscina.

Munidos da lábia que só um local tem, enfrentamos dois coletivos e uma tempestade tropical até Causeways. Causeways é o calçadão local, que conecta três ilhas a parte continental de Panama City. A primeira parada foi o surpreendente museu Smithsonean da vida aquática. Recheado de informações sobre a fauna e flora caribenha, o museu possui uma série de exposições sobre peixes locais e aquários a céu-aberto e fechado, com tubarões catfish e tartarugas. Uma visão fantástica da ponte das Américas do mirante do museu completa suas atrações.

Na busca de mais um museu, partimos para o inicio do calçadão, a uns 5km de onde estávamos. Visando não somente atingir o suposto museu miragem, mas também nos prepararmos para a subida do vulcão, alternamos sprints e caminhadas durante o trajeto. Quando chegamos ao destino, decepção: chegamos cedo demais. O museu de la Biodiversidad marinha só será aberto no fim do ano. Mas ao menos conseguimos descobrir o Ibirapuera local: crianças jogavam bolas às dezenas, enquanto jovens cortavam nosso caminho em suas bicicletas e famílias tomavam "raspadinha" (gelo com corante).

Furiosos por natureza, usamos nossos meios de transporte favoritos - pé e bumba - para irmos ao Casco Antigo. Surpreendentemente, a visita mudou nossa perspectiva: Panamá não é somente mais uma capital subdesenvolvida e pobre, é um país com um rico passado destruído por guerras de poder. Casco Antigo é uma série de sobrados coloniais que cercam as estreitas ruas de paralelepípedos. Moradores apertam-se e debruçam sobre as extensas varandas e fazem nós, turistas, nos sentirmos como a verdadeira atração do lugar. Pinturas descascadas, janelas quebradas e ferragens enferrujadas dão um ar decadente ao bairro. Alguns momentos após nos aventurarmos pelas ruelas, Gus já exercitava seu lado madre Teresa de Calcutá pagando uma onerosa lata de leite de US$4,90 para um velho aidético e uma jovem panamenha mandava um caloroso 'Buenos Dias' para este quase-nativo. Penetrando mais no bairro, através de um túnel de relva, encontramos a fabulosa Plaza Francia, onde bustos e placas exaltam a participação dos franceses na construção do canal.

Cansados de cultura, voltamos para o hotel através de muito suporte local - precisamos de 5 pedidos de informação para acertarmos. Vergonhosamente, 4 vieram da mesma pessoa. Uma chica que passeava com seu cão nos corrigiu várias vezes até nosso lar.

Um bom jantar e uma volta no cassino fecharam o terceiro dia.

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