sábado, 12 de agosto de 2006

Aquecendo os motores

Pousada nova, problemas velhos: forro de madeira, colchões mofados e muito pó espalhado. Excelente lugar prum alérgico de último grau passar a noite. O coquetel de antiestamínicos ajudou, mas só até às 6am.

Primeira parada turística do dia foi o Cerro de la Cruz, um mirante no topo de uma colina, do qual se vê toda cidade. Interessante e perigoso. Após inúmeros assaltos aos turistas, a polícia local passou a realizar gratuitamente uma escolta para o Cerro, mediante agendamento prévio. Brutos e sem noção, claro que desencanamos da escolta e subimos para matar algumas fotos.

Ainda a passo de guatemalteco, o baiano daqui (mal, Heitor) fomos frustrados em nossa tentativa de conhecer o convento Las Capuchinas -- estávamos sem a exorbitante soma demandada, algo como US$8.

Seguimos furiosamente, então, para a Iglesia y Convento Santo Domingo, hoje transformado em um dos melhores hotéis do mundo, segundo os inúmeros prêmios ostentados na recepção. As áreas públicas guardam um espaçoso e bem cuidado jardim do qual se tem acesso aos museus, ruínas e área arqueológica. Perdidos, ao invés de entrarmos pelo acesso ao museu, acabamos entrando pelo salão de eventos do hotel, que estava sendo preparado para algo grandioso. Paredes coloniais e ruínas ornadas com panos brancos e suportes para arranjos de flores, tudo cercado por centenas de pequenas velas que pareciam flutuar nas paredes. Sem sermos barrados, fomos penetrando no labirinto de portas e escadas. Salões e mais salões luxuosos se seguiam, e ninguém à vista. Por fim nos deparamos com uma porta trancada de um lado e um jardim de outro. O problema era que o jardim era em um andar inferior, e para atingi-lo tínhamos que pular um pequeno muro. Além disso, estava sendo regado (automaticamente, pois não havia viva alma perto). Munidos de nosso habitual espírito aventureiro (e a maior preguiça de voltar todo o caminho), quando percebemos já estávamos nos esquivando dos jatos de água que varriam o gramado. Uma corrida curta nos levou até um conjunto de covas dos bispos dominicanos, já na área do museu. Saindo desta ala, deparamo-nos com algo terrível, monstruoso e assustador... a bilheteria!!! O sangue gelou, afinal éramos foras-da-lei. Nem se quiséssemos poderíamos pagar a entrada, pois não tínhamos dinheiro algum. Com a maior cara-de-pau, murmuramos algo ininteligível para a bilheteira, caprichando na cara de turistas, e saímos de fininho.

Após abastecermos nos ATMs locais, reentramos no museu, agora legalmente. Dentre as várias atrações, a que mais impressionou foi uma exposição comparativa de artefatos maias e peças contemporâneas. Relíquias datando de 600 à 300 a.C. estavam emparelhadas com representações modernas das mesmas cenas. Animais, guerreiros e vasos de cerâmica eram contrastados com esculturas em cristais tchecos e materiais modernos.

Nosso único compromisso do dia era a preparação para a subida ao vulcão Acatenango, que consistia em comprarmos os mantimentos necessários e em uma reunião às 8pm, quando conheceríamos o restante do grupo.

Passamos então no "La Bodegona", o supermercado local, e enchemos o carrinho. Maçãs-verdes, maçãs vermelhas, bananas, biscoitos, barras de cereais, chocolates e muita, mas muita água. Tínhamos comida pra toda sustentar toda a população chinesa por 2 meses. De fome não íamos morrer...

Para a reunião, chegamos pontualmente às 8 horas, mas às 8 horas do Panamá e uma hora após o combinado. Já não encontramos ninguém, somente uma porta fechada numa rua deserta. Batemos, chamamos, gritamos e esmurramos a porta até interromper Victor, o dono da agência de viagem, de seu namoro com a recepcionista.

Escolhemos as roupas de frio disponibilizadas pela agência de viagem, desde calças de lä até gorros. Empacotamos tudo furiosamente, deixando na Ox nossas mochilas gigantes (valeu Claudinha, valeu Marcelita), já agora abarrotadas. Levamos de volta ao hotel mochilas pequenas com o necessário para passar a noite.

Ajustamos nosso despertador para 5h10am. Um grande dia nos aguardava.

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